SC Esmoriz vence no «photo finish» de Carregosa
Escrito por AVfm em 18/09/2017
Há um ano atrás, o SC Esmoriz começou a sua caminhada no Campeonato Safina em Carregosa perante a equipa local. A vitória de 1-0 de então foi o começo de uma campanha impressionante que levou o Esmoriz a um dos seus melhores arranques de sempre na distrital de Aveiro. Quis o destino que a temporada de 2017/18 começasse no mesmo terreno: na 1º jornada do atual Campeonato Safina, Carregosense e Esmoriz mediram forças e os comandados de Narciso Ratinho voltaram a entrar na prova com o pé direito. Uma vitória de 2-1 arrancada a ferros e que leva o Esmoriz para o grupo dos primeiros classificados deste campeonato.
Ao seu segundo jogo oficial, o Esmoriz apareceu apenas com duas alterações em relação ao 11 que eliminou o CD Tocha da Taça de Portugal: Renato foi novamente o dono da baliza; a defesa teve João Dias e Jorginho nas laterais, Rúben Pereira e Fábio Gonçalves foram os centrais; meio-campo com os repetentes Pedro Godinho, Filipe Leite e Júlio Coronel; e o ataque foi entregue ao tridente Kenneth Kalunga, João Alves e João Carvalho.
Relegando John Moses para o banco do suplentes, Kalunga era um dos destaques no 11. O internacional jovem zambiano aparecia pela primeira vez perante os adeptos da Barrinha que se deslocaram a Carregosa e, desde cedo, quis deixar a sua marca.
Tanto Kalunga como João Alves, pelas alas, foram um constante perigo para o Carregosense no primeiro tempo. Aproveitando a velocidade de ambos, o Esmoriz lançou com frequência a bola nas costas dos laterais e procurou sempre cruzamentos tensos e venenosos. Numa dessas jogadas, logo após ter sido duplamente apanhado em posição de fora de jogo duvidosa, Kalunga foi à linha e cruzou rasteiro e de pé esquerdo, como se deve fazer. Ao segundo poste, ainda houve um desvio do SCE mas a bola foi bater com estrondo na trave da baliza de João Silva.
O sinal mais era do Esmoriz e para isso contribuía também a pressão alta que os avançados e médios faziam na primeira fase de construção do Carregosense. Por diversas vezes, os da casa tentavam jogar a partir da sua defesa, mas rapidamente perdiam a bola ou eram obrigados a jogar longo para não sofrerem maiores consequências. Por isso, a posse era dominada pelos Guerreiros da Barrinha e o jogo estava controlado, apesar do empate no marcador.
No entanto, a irreverência deste Esmoriz que é fruto da sua equipa jovem e ambiciosa, por vezes demonstra também o reverso da medalha dessa juventude: alguma inexperiência e incapacidade de gerir certos momentos de jogo. Por isso mesmo, o Carregosense viria ainda a ter uma oportunidade de ouro antes do intervalo.
Sem perceber que recebia um atraso do seu colega, o guardião Renato segurou uma bola com as mãos quando não podia e o árbitro foi peremptório ao assinalar um livre a favor do Carregosense, dentro da área. Na sequência da bola parada, Renato redimiu-se e desviou para canto uma autêntica bomba à queima roupa.
O intervalo chegava e o nulo mantinha-se. Mas o golo não tardaria. É que, no reatar, mesmo após André Teixeira ter protagonizado a primeira alteração para o Carregosense, o Esmoriz iria encontrar o caminho da baliza.
Corria o minuto 54 quando João Alves, na esquerda, ganhou um espaço para rematar e fê-lo com classe. Mesmo com um ângulo reduzido, o camisola 25 desferiu um tiro rasteiro e bem colocado à malha lateral esquerda de João Silva. O guardião de Carregosa ainda teve rins para ir ao chão mas não teve asas para parar o golo dos forasteiros.
Parecia finalmente que o Esmoriz entrava na sua praia. Com a vantagem no placard, a equipa poderia pôr em prática uma das suas melhores características, o contra-ataque. Mas num lance de pura infelicidade, apenas 7 minutos após ter marcado, o Esmoriz viria a oferecer de bandeja o golo ao Carregosense.
O azar bateu à porta de João Carvalho quando este ajudava a sua defesa a conter um ataque do Carregosense. Após a recuperação do esférico, o ponta de lança atrasou-o para o guarda-redes Renato mas esqueceu-se que a meio da caminho se encontrava Cassamá, avançado do Carregosense que intercetou o passe. O luso-guineense apreciou a oferta e à boca da baliza finalizou com frieza e bateu o desamparado Renato.
Sem supresa, João Carvalho, após outra exibição desinspirada, seria substituído pouco depois por Moses. Mas nem o nigeriano trouxe novas ideias ao Esmoriz que, verdade seja dita, sentiu o golo sofrido e perdeu o seu futebol de qualidade.
O Carregosense foi rondando a área do SCE e podia mesmo ter chegado ao segundo e dado o golpe de misericórdia à dúvida no marcador. À entrada do tempo de compensação (5 minutos), o visitantes já com o alemão Lufrtim em campo (rendeu Coronel) procuravam pelo menos guardar o empate e o ponto somado fora de casa.
Só que, numa última investida ao ataque, o Esmoriz encontraria a estrelinha de campeão que por tantas vezes exibiu na época passada. A jogada começou em Pedro Godinho que avançou pela direita, qual tanque, ao seu estilo habitual. O cruzamento do capitão foi longo de mais, mas Kalunga estava no lado oposto para segurar a bola e, num esgar de esforço e crença, voltou a colocar no meio. Aí, como uma seta, apareceu João Dias que, ao segundo poste e fugindo a tudo e todos, encostou e fez explodir de festa o banco do Esmoriz e Narciso Ratinho.
Quem diria que, pelo segundo jogo consecutivo, o lateral direito João Dias seria novamente talismã. Um faro de golo que premiou o Esmoriz e que fechou as contas do jogo. Ruca ainda entrou para fechar a vitória a sete chaves e, efetivamente, o Carregosense teve escasso tempo para reagir. O triunfo veio para Esmoriz e os consequentes 3 pontos deixam boas perspetivas para o que se segue no calendário dos Guerreiros.
Pedro Silva esteve no local em reportagem pela AVfm e falou com os treinadores no rescaldo do encontro:
Narciso Ratinho – Treinador do SC Esmoriz
André Teixeira – Treinador do JD Carregosense
O empate poderia ter sido o resultado mais justo, mas a sorte é um fator importante no futebol. E se a sorte foi madrasta para o Esmoriz quando concederam o empate, foi a mesma sorte que lhes deu um presente quando marcaram já bem para lá do minuto 90.
Este é um novo Esmoriz, ainda não está ao nível do melhor Esmoriz da época passada. Mas tem certamente o potencial para ultrapassá-lo e, na próxima jornada, em casa e perante o Paivense, espera-se o mesmo que em Carregosa: um jogo difícil mas com o SCE a poder marcar a sua posição e a somar novos 3 pontos. Temos equipa.