AD Ovarense fica com a porta dos playoffs encerrada na derrota com o CAB Madeira
Escrito por AVfm em 22/03/2018
No passado domingo, jogou-se a última jornada da fase regular e muitas decisões ainda foram apuradas no que tocava ao campeonato feminino de basquetebol nacional.
Várias formações discutiam posições ao longo de toda a tabela e a AD Ovarense, na nona posição, estava obrigada a vencer para ter a oportunidade de entrar nos lugares de acesso aos playoffs. Ficaria depois a faltar um deslize das adversárias mais directas.
Na Arena Dolce Vita, as meninas andaram quase todo o jogo a correr atrás do prejuízo, mas com um final de tempo regulamentar avassalador, deixaram a discussão para o prolongamento. Dentro do tempo extra, chegaram a ter uma liderança de 3 pontos (podendo até ter sido de 4). No entanto, com uma corrida de 6 pontos, as insulares retomaram a liderança e não mais a abandonaram, acabando com uma vitória por 64-68.
Depois de um excelente final de época, acabou por ser inglório este desfecho para as vareiras, o que significou o final prematuro da competição. Sobrou, pelo menos, a manutenção confortável na Liga Feminina.
Comecemos então por conhecer as 5 «guerreiras» de ambos os lados, que iniciaram esta partida…
Jorge Maia, técnico da casa, lançou para dentro de campo o 5 inicial habitual, composto pelas irmãs Raimundo, Ana e Gabriela, por Sofia Pinheiro, Mikaela Shaw e Alison Bouman.
Já o seu homólogo, João Freitas, decidiu lançar um cinco inicial ainda sem o seu recente reforço norte-americano, que contou com Inês Viana, Marcy Gonçalves, Marta Bravo, Catarina Mateus e Rosinha Rosário.
Desde o primeiro minuto que se percebeu que este seria um jogo complicado para as duas formações. O primeiro período foi a imagem da «boa agressividade», algo que fez com que a eficácia não estivesse nos píncaros. A registar a lesão de Catarina Mateus que, num lance aéreo, acabou por aterrar mal e ficou impedida de regressar ao jogo. No final das contas, o parcial reflectiu bem a toada do jogo (11-14)
O segundo período foi um pouco mais conseguido no capítulo ofensivo, com a Ovarense a explorar bastante as penetrações para o cesto. Quando não conseguia o ponto directo nessas movimentações, conseguia a falta para amealhar pontos da linha de lance-livre. Só que, do outro lado, estava uma dupla em estreia, Rosinha e Alexys, que conseguiu criar estragos na zona interior: a primeira a marcar e a segunda a limpar as tabelas quando a equipa falhava lançamentos. Graças a este esforço conjunto, ao intervalo, as madeirenses saíram com uma vantagem de 25-29 e um equilíbrio grande nas estatísticas.
À saída do descanso, as forasteiras entraram determinadas em assumir o favoritismo e em decidir cedo o encontro. Foram impulsionadas pelo início de Cíntia França, que começou a segunda parte no cinco em campo e ajudou a que a bola circulasse com maior velocidade e com que os lançamentos aparecessem para fazer a diferença. Muito por culpa desta maior rotação do esférico e da contínua inspiração de Rosinha Rosário, a liderança foi aumentada para oito pontos, num parcial de 16-20 (com o jogo a 41-49).
Seria de esperar que as vareiras rapidamente mudassem o chip no último período de forma a não perderem o controlo do jogo. Todavia, o CAB conseguiu ir mantendo a margem, ampliando-a para 10 pontos à entrada dos últimos 4 minutos da partida.
Parecia que tudo estava perdido, que seria ali o final de uma bonita estória e do sonho da Ovarense de chegar aos playoffs. No entanto, as atletas de Jorge Maia não baixaram os braços e cerraram as fileiras.
Com uma defesa de pressão alta, começaram a desposicionar algumas peças adversárias e a tirar dividendos disso. Os turnovers do CAB Madeira ampliaram e os contra-ataques rápidos deram furtos ao ponto de, com 2 segundos e meio no cronómetro para jogar e 59-59 no marcador, Ana Raimundo ainda ter a oportunidade de um último lançamento para a vitória. Pena foi que o teve de fazer já em queda e com um movimento pouco ortodoxo.
Prolongamento reservado para a decisão final, com 5 minutos extra para ver quem seria a formação a superiorizar-se na partida.
Até foram as jogadoras vareiras a entrar melhor no prolongamento. Conseguiram uma vantagem de 2 pontos, ampliada para 3 depois de Gabriela Raimundo ter dividido as duas oportunidades da «linha da caridade», isto tudo na primeira metade.
Só que um desconto técnico de João Freitas, nesse preciso instante, fez mossa no desenlace final. As insulares conseguem rapidamente o empate através de um lançamento de triplo e, logo na jogada seguinte, Rosinha Rosário, depois de várias combinações, recebeu a bola sobre o lado esquerdo interior, marcou dois pontos, sofreu falta e finalizou a jogada com mais um ponto no lance-livre. As alvi-negras já não foram a tempo de recuperar e saíram derrotadas de forma inglória.
No rescaldo final, ambos os técnicos teceram duras críticas à arbitragem dos juízes da partida.
Helder Ferreira foi o repórter da Rádio AVfm no local. Ouça as declarações dos técnicos:
- Declarações AD Ovarense | Jorge Maia:
- Declarações CAB Madeira | João Freitas:
Com esta derrota, termina a participação das vareiras em competições oficiais do basquetebol feminino na época 2017/2018. A Ovarense ficou a 5 pontos de aceder aos playoffs depois do Boa Viagem ter também perdido nesta última jornada (as vareiras tinham vantagem no confronto directo).
Os número finais revelavam o ligeiro ascendente das madeirenses, que acabaram o jogo com uma maior eficácia (36,4% contra 30,9%), maior número de ressaltos (42 contra 35), de assistências (14 contra 10) e de pontos a partir de atletas saídas do banco (16 pontos contra 9). Já a AD Ovarense pode congratular-se com o número de turnovers que provocou na oponente (18 no total), em parte pelos 9 roubos de bola que conseguiu e pela agressividade que teve na busca pelo cesto que lhe proporcionou 31 lançamentos livres para concretizarem 26.
Já individualmente, o grande destaque foi mesmo Rosinha Rosário (30 pontos, 8 ressaltos, com eficácia de 69,2%), sendo mesmo considerada a MVP da jornada pela Liga Portuguesa de Basquetebol. Cíntia França (13 pontos, 4 assistências, 3 ressaltos e 3 triplos) fez também um bom jogo. Já do lado alvi-negro, o destaque foi para Gabriela Raimundo (22 pontos, 4 ressaltos e 11 em 12 do lance-livre), ainda que bem secundada por Alison Bouman (15 pontos, 13 ressaltos e 2 roubos de bola).
Apesar deste desaire, em nada ficou manchada a participação das vareiras neste ano de competição. Redobraram o número de vitórias da época transacta (de 4 para 8) e fizeram-no contra formações de um calibre bem superior (como é o caso da vitória em casa da grande favorita e líder, União Sportiva). Isto tudo contando com a lesão de Mikaela Shaw em vários jogos desta temporada. Independentemente do sabor amargo, os adeptos vareiros só podem estar orgulhosos do percurso destas «guerreiras» e confiantes que, mantendo-se o grosso do plantel, o futuro próximo tem tudo para ser risonho.
Parabéns pela vossa prestação e entrega, AD Ovarense!