Chrysta Bell(a) «dissolveu» todas as dúvidas…

Na passada Sexta-feira chegou a vez do Centro de Arte de Ovar receber uma das quatro datas que assinalaram a passagem da longa tourné de Chrysta Bell por Portugal. É difícil definir por palavras o espetáculo que a sala, bem composta, teve oportunidade de assistir. Intenso – talvez seja um adjetivo adequado…
Se dúvidas houvesse quanto às capacidades da americana em palco, ao vivo, as mesmas rapidamente foram «dissolvidas» pela própria e em breves instantes. «We dissolve», o último trabalho da artista que alguns apelidam de extra-terrestre foi o foco principal do concerto, havendo alguns apontamentos do passado com um retrocesso até «This Train»; e do futuro com o tema «Blue Rose» a prostrar toda a plateia!

Modelo, atriz e cantora; Chrysta Bell tirou partido de todas essas facetas em palco. Uma presença que passou ainda pela sua figura esguia, pela sua beleza e por uma «tranquilidade inquieta» que fez com que a sua voz envolvesse o público de forma eficaz e misteriosa. O ambiente criado foi hipnótico, belo e cativante. A presença de David Lynch, a quem a cantora se refere como «o seu mentor na arte, na música e na vida» sentiu-se nos detalhes.

A musa que encarnou a personagem da agente do FBI Tamara Preston no regresso de «Twin Peaks» mas que se diverte muito mais em palco teve ainda um suporte de músicos de excelência. Adrian Utley (Portishead), Stephen O’Malley (Sunn) e Geoff Downes (Yes) estiveram irrepreensíveis e contribuíram muito para um concerto de pop com muitos recortes de jazz, a piscar o olho ao rock. Conceptual e dramático, mostrando um lado negro de Chrysta Bell, que talvez exista mesmo dentro dela… ou não!
Hoje será a vez de Amsterdão se render aos muitos encantos da artista.

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Fotos: Francisco Valente
Texto:  Jaime Valente