Festival Literário de Ovar | Dia 1
Escrito por AVfm em 15/09/2018
Em dia de abertura da 4ª. edição, o Festival Literário de Ovar (FLO) voltou a instalar-se no Jardim do Cáster, num ambiente natural e informal; marcas que o caracterizam, por um lado e o afirmam, por outro. Na sessão de abertura, Alberto Sousa Lamy apresentou uma versão revista e acrescentada do 4° volume do seu «Dicionário da História de Ovar». Com a presença de Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, de Alexandre Rosas, vereador da Cultura e de Carlos Nuno Granja, mentor da iniciativa; esta foi a oportunidade para falar de grandes figuras e acontecimentos que marcaram o passado da história do nosso concelho, perante um público atento e interessado. O FLO abriu em grande, revisitando as raízes e a identidade da nossa terra, reconhecendo e homenageando a pessoa que mais tem dado para a preservação das memórias ovarenses!.
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Seguiu-se a Mesa 1, moderada por Bruno Henriques, com os escritores convidados Álvaro Laborinho Lúcio e Luís Carlos Patraquim. A profundidade da frase de Raúl Brandão «Nossa vida é sempre um monólogo de interesse e de sonho» foi o mote para a discussão. Laborinho Lúcio falou na sua carreira literária, como romancista estreante que tem um grande futuro atrás de si, enquanto Patraquim falou da densidade da obra de Raul Brandão e da desconstrução que lhe serve a literatura, para uma mentira que é instituída, quando a verdade pode ser inexistente. A discussão envolveu o apelo à compreensão da obra de Raúl Brandão, enquanto desconsideramos a sua escrita na globalidade. Os dois escritores deram ênfase à dimensão da intemporalidade do autor. Laborinho Lúcio falou na sua condição de escritor, em que se limita a escrever, não pelo reconhecimento pela via comercial, mas sim pelo sentido crítico a partir das suas reflexões pessoais do que vai publicando. Luís Carlos Patraquim afirmou que não escreve para obter reconhecimento, mas sim por um sentimento de insuficiência, uma procura de criar um grande «incêndio» interior, para aplacar uma solidão essencial, à procura de instantes de ternura.
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A noite terminou com Daniel Maia Pinto-Rodrigues, reconhecido poeta, e um dos grandes mentores das noites portuenses de poesia no Pinguim, a chegar a Ovar para partilhar os seus poemas, num momento intimista e de grande sensibilidade. O poeta foi percorrendo os textos escritos ao longo das décadas, incluindo um que foi escolha de Marcelo Rebelo de Sousa num livro com o título de «Os poemas da minha vida».
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Fotos: António Dias
Áudio: Jaime Valente
Texto: Jaime Valente