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Marques da Silva esteve «infernal» mas AD Ovarense perdeu contra o Beira-Mar

Escrito por em 17/10/2017

No último domingo o jogo era de dérbi aveirense. Mediam forças os conjuntos da Ovarense e do SC Beira-Mar, a contar para a quarta jornada do Campeonato Safina.

E que jogo! Haveria acontecer de tudo: desde uma entrada contida para cada formação medir o adversário, a uma fase intensa de futebol puro, uma «batalha naval» fora das quatro linhas e uma excessiva monotonia devido a constantes paragens no jogo. Na soma de todas estas emoções, o SC Beira-mar conquistou uma importante vitória num terreno difícil, cifrando o resultado final em 1-2. Já a Ovarense continua sem qualquer ponto amealhado, mas cada vez mais apresenta a atitude pretendida pelo técnico Artur Marques.

Antes de irmos aos momentos do jogo, comecemos pelos onzes iniciais…

Os alvinegros actuaram de início com o guarda-redes Samuel Biscaia; os defesas Parreira, Fábio Pereira, Kokas e David Rocha; os centro-campistas Miguel, João Paulo e Marmelo; e os dianteiros Fred e Zé Pedro, com Bruno Afonso no meio.

Quanto a Cajó, treinador dos beirenses, alinhou com João Figueiredo na baliza; André Nogueira, Mané, Lobo e Pedro Moreira no eixo defensivo; João Paulo, Aparício e Artur no meio-campo; e Aranha, Marc Mucha e Mário como referência no ataque.

Na metade inicial do primeiro tempo as formações começaram muito amarradas na disputa pelo domínio a meio-campo, à procura de se encaixarem na estratégia do adversário e sem grande objectividade. Apesar disso, o Beira-Mar, que dispunha de maior posse de bola, ao aproximar dos 20’ ameaçou pela primeira vez a baliza defendida por Samuel, quando Mário desviou defeituosamente um cruzamento rasteiro do lado direito do ataque e viu o esférico a passar rente ao segundo poste.

Os instantes iniciais da partida foram pautados pelo equilíbrio.

Depois deste aviso, o mesmo Mário chegou ao tento inaugural, ao minuto 23’, quando Marc Mucha cruzou sobre a faixa lateral direita e o ponta-de-lança desviou de cabeça, metendo a bola colocada no lado direito da baliza. Culpas, neste lance, para a dupla de centrais vareiros que deixaram Mário completamente liberto de marcação no coração da área, sem precisar sequer de saltar para o cabeceamento. Samuel Biscaia pouco pôde fazer para impedir o golo.

A partir daqui a partida animou e a Ovarense procurou reagir. Aos 27’ João Paulo, jogador vareiro, ameaçou com um remate à entrada da área demasiado colocado ao lado direito da baliza de João Figueiredo. Na resposta dos aveirenses, aos 34’, Aranha falhou um remate acrobático do lado esquerdo da área após cruzamento puxado.

Foi à passagem dos 36’, a partir de uma perda na primeira fase de construção do Beira-Mar, que se viu um passe em diagonal para as costas da linha defensiva a isolar Fred do lado direito do ataque. Em passo de corrida rápido, já dentro da área, o dianteiro da ADO rematou cruzado junto ao poste direito da baliza, sem hipóteses de defesa. Estava reposta a igualdade no marcador.

Fred faz golo para a Ovarense e coloca o marcador em 1-1.

Igualdade essa que não tardou a ser quebrada, apesar da melhor fase da Ovarense. Aos 40’, de um lançamento lateral nasceu uma combinação ao primeiro toque que desmarcou o lateral beirense André Nogueira, e este foi até à linha final do lado esquerdo da área, para cruzar rasteiro junto à linha de golo. Aí apareceu o avançado Mário, que mesmo com uma atrapalhação inicial na finalização, conseguiu dar o último toque para dentro das malhas da rede. O conjunto de Aveiro conseguia novamente passar para a frente do marcador fruto de nova falha na marcação e com uma finalização algo atabalhoada, que deu a Mário o bis na partida.

Até ao intervalo nada mais houve a registar, guardando-se os nervos para uma segunda-parte que, de futebol, pouco teria.

De facto, se não fossem a oportunidade aos 53’ de Mark Mucha – isolou-se no lado esquerdo do ataque e viu Samuel Biscaia sair-lhe aos pés para negar o desvio para dentro da baliza -, a pressão alta da Ovarense nos últimos minutos em busca do empate e os 10’ de compensação, pouco mais haveria a assinalar dentro das quatro linhas.

A registar fica a ocorrência lamentável que se deu por volta da hora de jogo. Depois de uma falta muito discutida do alvinegro Kokas sobre Marc Mucha que gerou, inclusivamente, um desacordo entre o árbitro principal e o fiscal de linha, semeou-se a confusão total nas bancadas.

Os suplentes em aquecimento da Ovarense foram reclamar junto do fiscal de linha e a claque do  Beira-Mar, os “Ultras Auri-negros”, foi em peso para cima das protecções, injuriar, de forma bem audível, os jogadores vareiros que estavam do outro lado da vedação. Nisto, apareceu um adepto isolado da Ovarense a retorquir com a claque, a tensão foi crescendo no estádio, até que tudo se transformou num autêntica batalha «naval».

«Ultras Auri-Negros», claque do SC Beira-Mar.

Quando a claque aveirense se aproximou da barreira lateral, viu-se de tudo: água a ser atirada contra o adepto isolado, baquetas do bombo a furarem a rede no intuito de o atingir, adeptos do Beira-Mar pendurados na barreira a tentarem ultrapassá-la, garrafas de água a serem arremessadas violentamente de um lado para o outro, ameaças de confrontação física no exterior das instalações. Bom, e ainda houve tempo para arrancarem bancos que foram «disparados» em múltiplas direcções. Era o pânico total, com água por todo lado durante 15 minutos, e que ainda agravou quando alguns adeptos da Ovarense vieram em defesa do elemento desamparado, com isso fazendo escalar os ânimos.

Nem a comunicação social ia escapando à fúria, com uma cadeira a ser lançada para perto dos camarotes da imprensa.

Mesmo com o apoio das forças policiais, não foi fácil para os stuarts que estavam presentes acalmarem elementos de ambos os lados e criarem um espaço de segurança entre eles.

Perdeu com isto o espectáculo, naturalmente… A acrescentar a todo este tumulto, e já depois de retomada a partida, houve constantes paragens no jogo para os atletas receberem cuidados médicos dos respectivos fisioterapeutas.

Até que chegou o apito final e terminava assim um jogo que valeu pela primeira parte de bom futebol. O apoio dos adeptos também esteve a bom nível no primeiro tempo, mas ficou a perder com as incidências da segunda metade, que pouco dignificam a modalidade.

O exemplo de fair-play que os treinadores souberam dar e que faltou às bancadas.

Helder Ferreira foi o repórter da AVfm no local. Ouça as entrevistas aos técnicos no rescaldo:

Artur Marques – Treinador do AD Ovarense

Cajó – Treinador do SC Beira-Mar

Destaque ainda para a figura maior do jogo, o avançado Mário, do Beira-Mar, que bisou na partida e esteve sempre bastante interventivo.

Na sexta jornada, a AD Ovarense desloca-se ao terreno do Avanca num confronto previsivelmente complicado, mas onde vai continuar em busca dos seus primeiros pontos no Campeonato Safina.

Veja a fotogaleria:

Este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

 


Foto: António Silva
Texto: Helder Ferreira


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