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Ovarense perde na batalha do «chico-espertismo»

Escrito por em 17/09/2017

Estão levantadas as cortinas do Campeonato Safina! O Estádio Marques da Silva recebeu o jogo inaugural da competição e as bancadas da recém promovida Ovarense pintaram-se de negro e branco no apoio à equipa no seu primeiro contacto com o futebol distrital de primeira. Pela frente, um S. João de Ver que prometia ser um duro teste e dificultar a vida aos comandados de Artur Marques. E, de facto, os de Santa Maria da Feira revelaram uma frieza e experiência decisivas e, mesmo tendo de suar, o golo solitário de Yorn fixou o resultado final de 1-0 a favor dos visitantes.

Num onze titular com cinco caras novas em relação a 2016/17, a ADO começou o jogo com: Samuel Biscaia na baliza; quarteto defensivo com Parreira na direita, Fábio Pereira e Jonas ao centro, Cocas na esquerda; miolo composto pelo trio André Félix, João Paulo e Fred; e um tridente ofensivo com Marmelo e Tigas nas alas e Alemão como homem mais avançado.

Perante a ausência do capitão Tiago Barroqueiro, a braçadeira foi envergada pelo camisola 17, Parreira. Mas mesmo sem um dos esteios do meio campo vareiro, a zona central da Ovarense carborou a alta rotação nos primeiros minutos e teve o ascendente no encontro desde o começo.

Ao longo de um primeiro tempo onde os maiores lances de perigo pertenceram ao conjunto da casa, a verdade é que, ao intervalo, o marcador ainda registava o nulo. Mas não foi por falta de tentativas.

Foram pelo menos três as oportunidades clamorosas que a Ovarense dispôs para se colocar na frente do encontro. Primeiro, com uma tentativa de chapéu de Tigas à saída de Bruno, guarda-redes do S. João, que foi negada pelo azar de a bola preferir beijar a trave. Depois foi Alemão, que ganhou uma disputa na área após cruzamento e falhou o alvo por milímetros. E, por fim, quando Marmelo executou impecavelmente um livre direto frontal e que só não entrou direto na gaveta porque sofreu um ligeiro desvio num defensor contrário.

Quanto ao S. João de Ver, tentava sobretudo criar perigo com bolas lançadas na profundidade, procurando as costas dos defensores alvinegros e explorando a velocidade de Alex, Machadinho e Zé António. Mas, depois de alguns acertos, a situação foi contida pela Ovarense e Biscaia e Jonas foram dos mais clarividentes no sector recuado. Jonas foi mesmo o protagonista do corte da tarde, tirando o pão da boca a um isolado Alex, quando este se preparava para visar a baliza de Biscaia.

Só que o segundo tempo reservaria um jogo bem diferente e o S. João de Ver entraria de cara lavada, pronto a fazer estragos. A contenção  (e até anti-jogo!) que trouxeram para a primeira parte dera lugar a uma entrada a todo o gás e capaz de encostar a Ovarense à sua área.

O golo parecia aproximar-se e aconteceu mesmo. À passagem do minuto 58, numa saída rápida, a bola foi bem enviada da direita para a esquerda do ataque do S. João de Ver. Yorn aparecia isolado na cara de Samuel Biscaia e vendo o homem das luvas adiantado, concretizou o chapéu que Tigas não tinha sido capaz de converter na mesma posição, na primeira parte.

Vendo-se a perder, a Ovarense não teve arte nem engenho para inverter o rumo dos acontecimentos. E nem mesmo as substituições de tração à frente operadas por Artur Marques pareciam dar um novo alento à ADO. O primeiro a entrar foi Bruno Afonso (saiu Parreira, Felix encostou à direita) e trouxe mais músculo à zona do ponta-de-lança. E depois, numa dupla alteração, ainda foram a jogo Rena e Filipe Lírio  (saíram Tigas e João Paulo). A Ovarense chegou mesmo a estar com seis homens na frente quando o central Pereira foi atuar como ponta de lança, mas nem assim conseguiu fazer estragos.

O S. João de Ver soube gerir o seu jogo e ficou confortável. Dispôs de mais algumas chances para ampliar o marcador e, inclusive, atirou uma bola ao ferro num remate violento de fora da área.

No canto do cisne, a música quase teve as notas da Ovarense. Numa tentativa desesperada, Samuel Biscaia subiu à área contrária para a última investida dos da casa e teve nos pés um excelente remate que quase carimbava o empate.

Mas a tarde não iria ser de festa para as cores de Ovar e o jogo terminaria com a vitória dos forasteiros. Depois de uma época inteira sem perder um único jogo em casa, a Ovarense começa o Campeonato Safina com o pé esquerdo. Foi a vitória de um S. João de Ver mais habituado a estas andanças, premiando a inteligência e eficácia dos pupilos de Ricardo Maia. Um «chico-espertismo» que irritou as bancadas mas que faz parte do futebol e foi orquestrado com mestria.

Pedro Silva foi o repórter da AVfm no local e, no final do encontro, falou com os dois treinadores. Ouça as reações:

Entrevista a Artur Marques, treinador da AD Ovarense.

Artur Marques – Treinador da AD Ovarense

Ricardo Maia – Treinador do S. João de Ver

 

Quanto a esta Ovarense, deixou bons sinais e provou ser extremamente competitiva. Perdeu esta batalha, é certo. Mas o campeonato é longo, e a guerra ainda agora começou.

Veja a fotogaleria:

 


Foto: António Silva
Texto: Pedro Silva


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