Ovarense: primeira vitória, com votos de «Boa Viagem» até aos Açores
Escrito por AVfm em 06/12/2017
A equipa feminina de basquetebol do Boa Viagem deslocou-se ao continente na esperança de conquistar a quarta vitória no campeonato, frente a uma Ovarense que estava em crescendo, mas que ainda não tinha feito as pazes com as vitórias. Todavia, desde muito cedo todo esse favoritismo das açoreanas seria posto em causa, ao ponto de terminar contrariado.
Percorrendo mais umas milhas para lá no Atlântico, há uma equipa familiarizada com a expressão «trust the process» e as meninas vareiras, muito à imagem dessa teoria; estão cada vez mais fiéis aos processos que Jorge Maia idealizou para a equipa.
Ligadas à corrente e concentradas naquilo que tinham de fazer em campo, estiveram sempre no controlo do jogo e acabaram mesmo por ser premiadas com a primeira vitória, pelo parcial de 66 x 60, frente a uma adversária que no final, pouco mais tinha para dar. Mas vejamos então as constituições das equipas antes de irmos ao filme do jogo…
O treinador vareiro apostou na regularidade das suas meninas e alinhou com um 5 habitual (dos últimos jogos) composto pelas irmãs Raimundo, Gabriela e Ana, Sofia Pinheiro, Mikaela Shaw e pela norte-americana, mais recente reforço, Alison Bouman.
Quanto a Roberto Simões, técnico das açoreanas, alinhou com um cinco “à prova de bala”, que contou com Sara Ressurreição, Catarina Caldeira, Sara Dickey, Claire Lamunu e Viktoryia Pankova.
O primeiro período foi até bastante equilibrado, com 7 trocas de liderança e 3 vezes em que houve empate no marcador. As visitantes demonstravam que queriam apostar na diversificação do seu jogo, com a prova disso a vir dos quatro cestos de 2 pontos e dos 3 triplos com que acabaram o tempo; bem distribuídas pela definição do que são jogadoras de «ponta» e as postes que são interiores. Já a Ovarense começou desde logo a primar pelo seu jogo interior, bem exemplificado nos 5 ressaltos ofensivos conquistados, assentando também nas penetrações das irmãs Raimundo e na mestria das duas postes americanas, que amealhavam já à altura 12 pontos; perfeitamente divididos entre ambas.
O resultado desse equilíbrio foi o parcial mais próximo de todos os períodos, que deu uma ligeira vantagem às vareiras de 19-18.
Nunca um descanso de 2 minutos, entre o primeiro e o segundo período, soube tão bem à equipa feminina da Ovarense. Entrou de rompante no segundo período, criando inúmeras dificuldades ao ataque do Boa Viagem; saindo para construções rápidas no seu ataque a baralhar por completo as marcações das adversárias.
Aqueles 9 pontos consecutivos logo no recomeço do jogo, no segundo período, pautaram grande parte do melhor período para as vareiras, limitando-se estas a controlar a diferença que se estabeleceria num 33 x 25 ao intervalo.
Estatisticamente, as equipas até se equilibraram em grande parte dos parâmetros; mas a quebra dos 58,3% para 34,5% de eficácia (do 1º para o 2º período) e os 20 pontos da Ovarense na zona restritiva, sintomáticos dos 11 e 10 pontos de Mikaela e Alison, respectivamente, acabaram por pender a balança para o lado vareiro.
A seguir ao descanso, tudo teria sido muito idêntico ao que fora grande parte do jogo até essa altura, não fossem aqueles 2 triplos consecutivos, por Sara Dickey e Catarina Caldeira, a baralhar as contas no final do terceiro período…
Foi uma primeira metade de período muito à imagem do primeiro tempo, com as meninas ovarenses a controlar qualquer esboçar de reacção das opositoras (ao conceder apenas 2 pontos a mais).
Contudo, as forasteiras decidiram espevitar bem perto do fim e, com duas boas jogadas de circulação de bola, encestaram 2 triplos sem resposta, deixando um saldo muito apertado, de 45 x 44, que provocou um pequeno susto nas anfitriãs!
Com a corda toda ao entrar para o último período, o Boa Viagem conseguiu, nos momentos iniciais, passar para a dianteira do resultado; numa fase em que parecia que a inspiração e os recursos ofensivos do outro lado haviam desaparecido.
No entanto, após um desconto técnico de Jorge Maia, a sua formação acalmou, voltou a recorrer ao seu jogo interior e conquistou alguns ressaltos ofensivos cruciais para readquirir a liderança e segurá-la a «sete chaves» até ao fim…
No final, percebia-se bem que as jogadoras açoreanas não tinham mais «gás no tanque» depois de, por opção técnica; terem jogado durante os 40 minutos da partida.
Quando questionado sobre a situação, Roberto Simões respondeu à AVfm que «se tratava de uma gestão de manter as melhores unidades em campo num período em que corriam atrás do prejuízo pelo receio de não conseguir manter a proximidade no marcador». Percebe-se agora que talvez não tenha sido a melhor gestão.
Helder Ferreira foi o repórter da AVfm no local. Ouça as entrevistas aos técnicos:
Jorge Maia – Treinador da AD Ovarense
Roberto Simões – Treinador do CJ Boa Viagem
No final do jogo, percebeu-se pelas estatísticas que a Ovarense evoluiu bastante na conquista do ressalto (43 contra 34) com a entrada de Alison Bouman; mas há certos momentos em que ainda precisa trabalhar, como por exemplo no domínio da posse de bola e na forma como a faz circular, para evitar jogos como este; em que permitiu 11 roubos de bola dentro dos 17 turnovers cometidos.
Individualmente, há que dar o mérito desta feita aos colectivos de ambas as equipas, sabendo distribuir proporcionalmente os números pelas atletas; não deixando de fazer uma pequena referência às exibições das vareiras Alison Bouman e Mikaela Shaw; pelo que acrescentaram ao jogo interior da Ovarense, com as suspeitas do costume (irmãs Raimundo) a secundar bem esse esforço!
Na próxima Sexta-feira, as meninas da Ovarense vão deslocar-se ao terreno da rival directa pelos lugares do fim da tabela, o Oliviais de Coimbra, num jogo que promete ser animado; depois destas últimas terem feito algumas mexidas no plantel acrescentando, também elas; qualidade às suas opções!
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