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Musicalíssimo | 07 Mai 2025

Teresa Leite 07/05/2025

Emissão: 07 de Maio 2025

Descrição: Cada programa parte de um estilo, personalidade, composição ou instrumento musical que origina uma descoberta interessante através de uma abordagem rica e aprofundada.

Destaque: A Cantiga como Arma

Se “a cantiga é uma arma”, que seja uma arma que nos ajude a pensar e a lutar pela paz e pela liberdade. Este é o meu contributo neste período em que se celebra a liberdade e a mudança, que se deu há 50 anos com a eleição da Assembleia Constituinte, para a qual pude votar em liberdade com 18 anos, num tempo em que a maioridade se atingia aos 21. O recenseamento eleitoral alargou para os 18 anos a idade de votar, estabelencendo-se mais tarde essa idade para a maioridade. Assim trago o duplo álbum “E Depois do Adeus” relembrando vozes e canções de antes e depois do 25 de Abril de 1974. Começámos com “E Depois do Adeus” – uma das senhas usadas para o avanço do movimento dos capitães de abril.
Esta última cantiga, Tourada, ganhou o Festival RTP da Canção em 1973. Lembro-me de estar a ver na televisão o festival, imperdível na época, e ficar de boca aberta sem perceber como foi possível aquela letra ter passado a censura, tão evidente era a caricatura do regime. Passámos ainda Somos Livres, una canção que toda a gente entoava naqueles meses seguintes do verão de 1974, incluindo as crianças da escola. Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, recuperados versos de Camões com a pequena mudança do refrão feita pelo José Mário Branco “E se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança”. Continuemos, então recordando Abril
Passámos a palavra a Carlos Mendes com Alegre se Fez Triste, Janita Salomé com Poema para Florbela, os Trovante com Chão Nosso, que tanto cantaram em festas de ação política, Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo com a ironia do texto A Mim Não Me Enganas Tu , dedicado aos vira-casacas, Tonicha com Já Chegou a Liberdade e Samuel com A Minha Terra. Ainda António Gedeão e na voz de Duarte Mendes em Lágrima de Preta e Barca Bela, poema de Garrett e voz de Teresa Silva Carvalho. Passamos agora ao cd no.2 deste álbum de despedida da ditadura, começando já com a voz de Adriano Correia de Oliveira, em Trova do Vento que Passa, com letra de Manuel Alegre, uma canção de exilado.
José Fanha em Eu Sou Português Aqui, acompanhado à guitrarra por Pedro Caldeira Cabral. E agora relembramos o eterno João Villaret, uma canção cheia de ironia dedicado a um António que muitos tratavam como santo e comparável ao Santo António de Lisboa. Com estas ironias e viés aprendemos a tratar aquilo que a censura não nos deixava tratar em liberdade. Saibamos defendê-la para que a nossa criatividade seja livre de voar.

 

 

Playlist:
00:00:33 Paulo de Carvalho – (And then) after love (E depois do Adeus)
00:04:37 José Mário Branco – Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades
00:07:26 Ermelinda Duarte – Somos Livres
00:11:20 Carlos do Carmo – Uma Flor de Verde Pinho
00:13:48 Fernando Tordo – Tourada
00:17:48 Carlos Mendes – E Alegre se Fez Triste
00:22:19 Janita Salomé – Poema para Florbela
00:26:43 Trovante – Chão Nosso
00:29:42 Duarte Mendes – Lágrima de Preta
00:31:24 Carlos Alberto Moniz & Maria Do Amparo – A Mim Não Me Enganas Tu
00:34:18 Tonicha – Já Chegou a Liberdade
00:36:45 Samuel – A Minha terra
00:39:16 Teresa Silva Carvalho – Barca Bela
00:42:23 Adriano Correia De Oliveira – Trova do Vento que Passa
00:45:37 Sérgio Godinho – Os Pontos nos iis
00:49:26 José Fanha – Eu Sou Português Aqui
00:52:44 João Villaret – Santo António
00:56:00 José Jorge Letria – Tango dos Pequenos Burgueses

 


 

Publicação: Catarina Pereira
Foto(s): Direitos reservados

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