Pontapé a 70 metros acorda Ovarense B do pesadelo
Written by AVfm on 25/09/2017
Com 13 emblemas, entre as quais 3 equipas B, a 2ª Divisão Distrital – Série B promete ter uma época de 2017/18 muito bem disputada. Para além do CCR Válega, a novidade nesta série é a AD Ovarense B, conjunto formado maioritariamente por jovens e com o intuito de servir o plantel principal no duro Campeonato Safina.
No seu primeiro contacto com o último escalão aveirense, a ADO recebeu o AD Valonguense, conjunto que assume o objetivo da subida. Mesmo assim, e apesar da boa tarde para a prática de futebol, foi um muito despido Estádio Marques da Silva aquele que apadrinhou o arranque do alvinegros. Quanto ao jogo, esse terminou num empate de 2-2. A Ovarense esteve mesmo a perder por 2-0 mas, nuns eletrizantes 10 minutos finais, ainda foi a tempo de resgatar o ponto.
A Ovarense apresentou-se com o guardião Daniel Silva na baliza; defesa composta por Igor Pinho e Diogo Pereira nas laterais, Dayo Femi e Miguel Silva foram a dupla de centrais; meio-campo com Mário Fernandes, Diogo Cardoso e Miguel Ribeiro; e o ataque com o trio Rendilheiro, Tiago Fula (cap.) e João Campino.
Naquela que foi uma primeira parte disputada a meio-campo, o jogo primou pela ausência de grandes oportunidades. Os da casa tiveram dificuldade em impor-se nas disputas físicas e, com pouco critério na transição em posse, a solução passava sobretudo pelos lançamentos longos a partir do setor defensivo. No entanto, ora as situações eram controladas pelo Valonguense, ora os avançados da Ovarense não conseguiam dar o melhor seguimento. Tanto Tiago Fula como João Campino passaram ao lado dos 45 minutos iniciais. Por seu turno, Rendilheiro tentava agitar pela esquerda (apoiado por Diogo Pereira), mas quase sempre os lances se perdiam de forma inconsequente.
Numa das únicas vezes em que o calafrio se fez sentir na área do Valonguense, João Campino teve nos pés uma oportunidade de ouro para faturar. Como em tantos outros lances, a bola foi lançada de trás por Diogo Pereira – um dos mais clarividentes nas assistências em profundidade. Melo parecia ter o lance controlado mas, na raça, João Campino atrapalhou e conseguiu ganhar o esférico ao guarda-redes do Valonguense. Sem o homem das luvas pela frente e a baliza à mercê, Campino permitiu o corte aos dois defesas dos visitantes que, entretanto, vieram no auxílio a Melo. Corria ao minuto 22.
Aos poucos, o Valonguense foi-se instalando no ataque da ADO e, embora não fosse muito perigoso, Vasco e Marco eram autênticas dores de cabeça para o setor recuado dos vareiros. Assim, à primeira oportunidade digna desse nome, o Valonguense chegaria ao golo e recorrendo aos dois esteios do ataque dos de Águeda.
Pouco passava dos 41’ quando, num pontapé de canto à direita, Marco cruzou tenso e junto à baliza de Daniel Silva. A confusão instalou-se ninguém do lado da Ovarense foi capaz de aliviar o esférico para longe. Aproveitou o sorrateiro Vasco, homem que no meio da balburdia fuzilou a baliza num remate à queima roupa já bem dentro da pequena área.
No pior momento da Ovarense na partida, o intervalo não chegaria sem nova oportunidade para o Valonguense. Um livre superiormente batido por Alex ao qual Daniel Silva correspondeu com uma grande defesa. Na recarga, ainda houve mais um remate do Valonguense e novamente Silva a brilhar e a segurar a desvantagem mínima.
Era precisa mudar alguma coisa para o segundo tempo mas a Ovarense carecia de soluções no banco de suplentes. Eram apenas três as opções, o guarda-redes Miguel Sona e Nuno Gomes e Diogo Ventura. Por isso, foi sem surpresa que os mesmos 11 regressaram para a etapa complementar e, por conseguinte, o Valonguense apareceu mandão e confortável também.
A Ovarense ia de mal a pior e o segundo golo dos visitantes surgiu aos 71 minutos. O recém entrado Gonçalo Rei conseguiu ganhar espaço no corredor central, avançou sem oposição e teve tempo e espaço para servir a bola de bandeja para Alex. O camisola 18, dentro da área, rematou forte e rasteiro para o fundo das redes. A Ovarense tinha menos de 20 minutos para inverter o pesadelo onde se metia.
E foi aí que se viu a melhor ADO, aquela que por tantas vezes arrancou resultados a ferros na temporada passada. A equipa adotou uma nova disposição em campo, num 3x3x4 arrojado. O elo chave foi mesmo Diogo Pereira que, subido no terreno, fez uso do seu excelente pé esquerdo para lançar ataques açucarados.
Numa dessas bolas, aos 82’, Rendilheiro recolheu à entrada na área, fez uma finta deliciosa sobre o adversário e, preparando-se para visar Melo, foi carregado pelas costas. Penalidade indiscutível e que podia lançar os alvinegros na luta pelo resultado.
Na conversão, Diogo Pereira assumiu e colocou a bola no fundo das redes. O próprio Diogo viria a ser substituído pouco depois, sob as palmas dos adeptos nas bancadas. Um dos melhores jogadores em campo, talvez só igualado pelo central Dayo Femi.
O campeão mundial de sub-17 pela Nigéria veio do Feirense por empréstimo e mostra desde já o porquê de pertencer aos quadros dos fogaceiros. De passada larga e forte no jogo aéreo, o africano foi sempre criterioso nas suas abordagens e mostrou simplicidade na sua atitude defensiva. Ele que viria, ainda antes do final do encontro, a tornar-se no herói da tarde.
Queimava-se já o último dos 3 minutos de compensação dados por Ricardo Pinho quando, numa derradeira bola bombeada para a área do Valonguense, Dayo Femi fez o que não queria e alcançou o que mais desejava. A 70 metro da baliza, o chuveirinho do central saiu longo demais, tão longo que enganou o guarda-redes Melo e entrou direitinho na baliza do Valonguense. Um golo que, garantido com intenção, seria candidato ao Prémio Puskas.
Terminava assim um jogo digno de filme e com os dois protagonistas finais em feições o completamente distintas: Femi caído por terra com os abraços dos colegas e a felicidade por marcar ao cair do pano; Melo sendo o rosto da desilusão e saindo cabisbaixo para os balneários do Marques da Silva.
Foram estas as declarações dos técnicos ao repórter da AVfm, Pedro Silva:
António Tavares – Treinador da Ovarense B
Otávio – Treinador do Valonguense
Um empate muito penalizador para um Valonguense que foi mais senhor do encontro. Mas que premeia a alma da Ovarense e lhe garante um ponto que sabe a três. Há que admitir que, coletivamente, a exibição da ADO não foi agradável. No entanto, se a criação da equipa B é sobretudo para dar ritmo a potenciais jogadores da equipa A, tanto Femi como Diogo Pereira queimaram aqui algumas etapas para poderem ser úteis a Artur Marques mais cedo do que tarde.