«Tiros no pé» levam CD Furadouro à primeira derrota da temporada
Escrito por AVfm em 09/10/2017
Para quem pensa que o futebol de qualidade em Ovar vive apenas na Barrinha ou no Marques da Silva, que se desengane. Na praia maior do concelho existe um CD Furadouro de caras novas e que, atualmente figurando na 2ª Distrital, está a deixar água na boca aos adeptos vareiros.
Os elogios acima descritos podem parecer um contrassenso tendo em conta o facto de esta ser uma crónica a uma derrota do CDF. Acrescente-se: uma derrota caseira e por 2-0 contra um CD Arrifanense que até vinha de um desaire diante do Argoncilhe. No entanto, a verdade é que este conjunto de Miguel Sousa tem demonstrado uma qualidade que não se conhecia ao Furadouro do ano passado. Algo que já tinha ficado patente nas duas vitórias alcançadas até aqui e que voltou a verificar-se mesmo com 0 pontos somados neste desafio.
Um fio de jogo que pode causa mossa na Série A e que não assenta apenas na competitividade e jogo físico que eram características base do plantel do ano passado. Há ideias, há fluxo e há executantes.
Nesta 2ª jornada do campeonato, o Furadouro perdeu por culpa própria. Alguns tiros no pé vindos de desconcentrações ingénuas. Mas este é um detalha típico de uma equipa que mantém poucos repetentes em relação à temporada passada. Falta ainda algum entrosamento e, percebendo isso, o Arrifanense soube pautar o seu jogo pela cautela e ser mais clarividente quando ameaçava no ataque. Mas vamos por partes – falemos de bola na relva.
Para o primeiro contacto da época com os adeptos verde e amarelos, o CD Furadouro apresentou-se com Paulinho na baliza; setor defensivo com Manu, Kikas, Fábio e Chico; meio-campo e alas com Camião, Rolas, Simão, Dani e Ruizinho; e a zona de ponta de lança entregue ao matador Tiago Marques. Um figurino que viria a mostrar atrevimento desde o apito inicial.
O sol reluzia lá em cima e, à flor do sintético, a cor do jogo só pintou Furadouro durante o primeiro quarto de hora. Camião era um TIR no meio-campo e varria antes de lançar em profundidade. Manu e Chico, sempre bem projetados, apareciam por diversas vezes no apoio aos extremos. E Tiago Marques era uma dor de cabeça constante para os centrais forasteiros, principalmente nas divididas de cabeça e na luta por segundas bolas.
Antes que os de Santa Maria da Feira encaixassem na partida, o Furadouro podia ter chegado por 2 vezes ao golo e, ora um nem sempre bem ajudado Fragoso chegava para as encomendas, ora o azar batia à porta e um pequeno pormenor falhava na hora de empurrar o esférico para as redes.
Mas, entendendo o sufoco pelo qual passava, o Arrifanense lá foi esticando o seu jogo e alargando as linhas. A disputa no miolo intensificava-se e o apito do árbitro passou a ouvir-se com maior frequência na partida. Nesta fase, nenhum dos conjuntos dominava na posse e os momentos de verticalidade de ambos os lados eram travados, na sua maioria, sem grande sururu à mistura. Assim, neste estilo de jogo, do lado da casa destacava-se o capitão Kikas, imperial nas suas abordagens e sempre bem posicionado no corredor central ou a fechar à direita quando Manu fazia uma “piscina” pela linha.
O intervalo chegava com um ligeiro ascendente do Furadouro. Ainda assim, o nulo no marcador refletia aquele que foi um primeiro tempo de muita luta e de descompustura para os da casa na hora de atirar a contar. Esperava-se a mesma atitude nos 45 minutos restantes e, acima de tudo, golos para a amostra. O que não se esperava era um golo forasteiro, algo que viria a acontecer aos 47′.
Ainda havia gente a sentar-se na pequena bancada lateral do complexo e já os de Arrifana faziam a festa. Uma despropositada perda de bola na zona de primeira fase de construção deu origem ao lance. Agradecendo o brinde, o avançado verde e branco não teve dificuldades em rematar fora do alcance de Paulinho, fixando assim o resultado em 0-1 a favor do CD Arrifanense.
Na resposta, apareceu de novo o melhor Furadouro. Com Fábio Gomes dentro do terreno de jogo (entrara ao intervalo para o lugar de Dani), as ofensivas vareiras surgiam quase sempre por intermédio do 7. Numa sequência de cantos que geraram muita confusão na área do Arrifanense, o Furadouro viria mesmo a fazer a bola beijar o ferro de Fragoso.
O problema é que o empate não chegava e, com 20 minutos corridos após o golo adversário, o Furadouro começou a perder forças.Tal como na primeira parte, o sufoco exercido sobre o Arrifanense não surtiu efeito e nem com a entrada de Tiago Rodrigues as coisas mudaram de figura.
O ponta-de-lança foi fazer parelha com o outro Tiago, o Marques. Mas a dupla começava a ser mal servida e, independentemente de ter a carne no assador, um Furadouro com mais coração do que cabeça não ia conseguir ultrapassar a muralha defensiva do Arrifanense.
Para piorar as contas, os visitantes iriam mesmo alargar a vantagem aos 84 minutos e na cobrança de um castigo máximo. A justiça do lance não deixa margem para dúvidas, sendo que a grande penalidade foi procedida de mais um erro defensivo e convertida sem hipóteses para Paulinho.
Fora da discussão pelos pontos, o Furadouro foi-se arrastando até ao final da partida, algo que se deu pouco depois. O 0-2 já bem perto do fim veio penalizar e muito aquela que foi, a espaços, uma partida de grande qualidade dos pupilos de Miguel Sousa.
No final da partida, estas foram as declarações dos treinadores a Pedro Silva, repórter da AVfm no local:
Miguel Sousa – Treinador do CD Furadouro
Valter – Treinador-adjunto do CD Arrifanense
À saída para os balneários, os atletas da casa ouviram palmas vindas da bancada. Olhando ao cenário, a desilusão pelo resultado fica patente nos homens do campo e na assistência. No entanto, as boas indicações deixadas neste arranque auguram um bom futuro para o Furadouro. E, por falar em futuro, há que olhar para a frente. Corrigindo os lapsos verificados e acalmando a «sobranceria» referida por Miguel Sousa no rescaldo do jogo, o Furadouro tem tudo para continuar no bom caminho.
Para a semana, a viagem passa por Arouca, onde vão defrontar o Fermedo. Uma equipa de respeito e que, por exemplo, já eliminou o Válega da Taça de Aveiro. Mas certamente uma equipa ao alcance do CDF e que chegará a essa jornada pressionada pelas duas derrotas que teve no arranque da Série A.