Né Gonçalves ft. Soraia Cardoso | Voo do Fado
Né Gonçalves é um cantor, letrista, músico e compositor que integra o panorama musical angolano. No início de junho lançou o tema “Voo do Fado”, unindo a sua voz à de Soraia Cardoso.
Multifacetado, o artista sempre foi fiel à semba, sendo considerado um dos principais renovadores da sua estética. Né Gonçalves também percorre outros géneros musicais característicos, igualmente antigos, como a rebita, a quilapanga ou a kazukuta, a par de outros bem mais recentes e inesperados, como kizomba e kuduro.
O angolano inspira-se igualmente noutras culturas e países, como é o caso do samba e choro brasileiros, os blues e o jazz americanos e o fado português, este último presente no recente tema “Voo do Fado”.
Né Gonçalves recorda que convive com este género musical desde a sua infância, quando ouvia rádio com os seus pais. O Fado é para si “um amor sempre presente”, que conheceu um novo capítulo quando, no álbum “Sembamar”, editado em 2016, teve como convidada Mariza, no tema “Velha Esperança”, dedicado à sua mãe.
Em “Voo do Fado” o cantautor assina música e letra, sendo o resultado um fado melodioso, suavemente desconcertado pela semba que se sobrepõe às sublimes guitarras e percussões angolanas.
O tema começa com um hungu, instrumento angolano pai do berimbau brasileiro, na introdução de um fado bem português, onde a voz fresca de Soraia Cardoso voa sobre a viola de fado e o baixo acústico de Yami, a guitarra portuguesa de José Manuel Neto e o maravilhoso arranjo de cordas do orquestrador Carlos Garcia.
“Voo do Fado” homenageia diretamente algumas das maiores figuras do género musical português, como Amália Rodrigues, com citações de “Gaivota” e “A Casa da Mariquinhas”; Carlos do Carmo, com referências de “Os Putos”, “Por Morrer Uma Andorinha” e “Lisboa Menina e Moça” e Mariza com “Ó Gente da Minha da Terra”, de Amália, embora gravada pela artista.
A mensagem que o artista pretende passar é de que o Fado já não é só português, é Património Cultural e Imaterial da Humanidade, é “nosso” e universal. O tema foi dado a conhecer no dia 10 de Junho, celebrando o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Nascido no Dia de África, 25 de maio, no ano 1958, Né Gonçalves é advogado, professor universitário, cônsul honorário da Finlândia, ativista de várias causas sociais e humanitárias e um reconhecido amante das Artes.
Depois dos trabalhos discográficos “Luanda Meu Semba” (1994), “Luanda Meu Semba – Instrumental” (2012) e “Sembamar” (2016), o angolano prepara-se para lançar, em outubro de 2022, o “Undenge Wetu”. Tal como a restante obra de Né Gonçalves, este será um álbum abrangente e eclético, do qual “Voo do Fado” fará parte.
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Fotos: Direitos Reservados
Vídeo: Direitos Reservados
Publicado por: Irina Silva