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Alinhem-se as equipas: que comece a «Guerra da Manutenção»

Escrito por em 06/02/2018

«Não têm coragem, têm medo, não sei o que pretendem fazer com a Ovarense.»

Esta é uma das frases fortes de Artur Marques no rescaldo do jogo contra o SC S. João de Ver. Mais uma vez, o técnico da AD Ovarense não se fechou em copas, criticou a AF Aveiro e atirou-se ao juiz Tiago Santos, árbitro da partida que colocou alvinegros e malapeiros frente a frente na 18ª jornada do Campeonato Safina.

A Ovarense perdeu por 1-0 contra o atual 2º classificado da tabela, mas reclama mais uma grande penalidade e pede coerência nas decisões de lances de fora de jogo. Algo que já tinha acontecido na semana passada, em Castelo de Paiva, e que leva o emblema de Ovar a exigir «respeito por um clube histórico e dos que mais presenças na 2ª Liga tem.»

De facto, há algumas decisões do capítulo técnico e disciplinar que deixam dúvidas. A mais controversa terá sido um alegado penálti sobre Fred, num lance em que o camisola 18 dos vareiros se envolveu numa disputa com Nuno, guardião do S. João de Ver.

Do lado de fora, os adeptos também se fazem sentir. Das bancadas do estádio, os Fans 1921 não deram um minuto de descanso a Tiago Santos e contestaram quase todas as decisões tomadas a desfavor da Ovarense.

Por outro lado, os mesmos Fans parecem começar a gostar do que veem dos seus jogadores dentro das quatro linhas. Pelo mesmo prisma, se Artur Marques não sabe «o que pretendem fazer com a Ovarense», dá claros sinais de que sabe bem o que ele próprio pretende fazer com a sua equipa.

A Ovarense é, hoje em dia, um osso muito duro de roer para qualquer adversário. Muito mais capaz do que a Ovarense que surgiu no Campeonato Safina em Setembro e que protagonizou um começo de prova desastroso.

A turma vareira mantém (salvo raras exceções) as suas características base: uma formação extremamente física e que aposta mais no jogo direto do que na transição em posse de bola. No entanto, ganhou uma forte consistência defensiva e começa a mostrar argumentos no ataque que, antigamente, não possuía.

Os resultados, principalmente as vitórias, teimam em não aparecer. Mas desenganem-se aqueles que pensam que a Ovarense chega a esta segunda metade do campeonato e vai tombar claramente em alguns dos seus desafios – como aconteceu no arranque da competição.

O calendário não vai dar qualquer trégua aos vareiros que, no espaço de apenas um mês, jogam contra União de Lamas, Lusitânia de Lourosa, SC Esmoriz, Beira-Mar e Avanca. Jogos contra os atuais 5º, 1º e 3º do campeonato e dérbis sempre escaldante contra os vizinhos Esmoriz e Avanca.

No 17º lugar da classificação e em zona de descida, a Ovarense precisa urgentemente de somar pontos aos 10 que já tem. As vitórias não acontecem desde Novembro e, apesar das contas dos 4 últimos classificados estarem muito embrulhadas, apenas um deles (o que ficar em 15º) poderá manter-se no Campeonato Safina.

Por isso, à primeira vista, os desafios que se seguem até podiam chegar em má altura… só que não é o caso. A Ovarense dá sinais de estar pronta e, melhor ainda, parece ansiosa por disputar os jogos contra os melhores. A julgar pela segunda parte no Estádio do SC S. João de Ver, há atletas vareiros que apontam claramente à surpresa e podem ajudar ao sucesso da ADO.

Um segundo tempo em que a Ovarense encostrou o S. João de Ver às cordas, não deixando a turma de Ricardo Maia sair no contra-ataque e criando lances mais do que suficientes para, pelo menos, empatar o jogo.

Já antes, na primeira parte, a Ovarense tinha conseguido dividir a partida contra o adversário, ainda que sem gerar muito perigo junto da baliza. De salientar ainda o facto do S. João de Ver não ter feito uma grande exibição e ter visto no golo do Manuel Pinto, aos 20′, o «bote de salvação» para os 3 pontos. O 1-0 foi mesmo o único apontamento de verdadeiro perigo junto da baliza de Samuel Biscaia durante 45 minutos.

Por sua vez, o guardião dos de Santa Maria da Feira, Nuno, teve imenso trabalho na etapa complementar. Viu duas bolas irem-lhe aos postes e ainda foi chamado a intervir para parar o ímpeto contrário. Ímpeto esse que começou por ser criterioso, com bom futebol praticado; e acabou sendo descontrolado, quando a Ovarense já jogava com 3 pontas de lança (Jardel, Bruno Afonso e o central Pereira) e desesperava pela igualdade. Mas, acima de tudo, um ímpeto que nasceu graças a prestações positivas de algumas individualidades vareiras.

À cabeça aparece Tigas, o melhor dos 22 jogadores em campo. O extremo da Ovarense foi um autêntico «diabo à solta» na sua ala. Abriu a segunda parte com uma investida da esquerda para o meio e um tiraço ao poste que merecia mais. Foi incansável na tentativa de servir os seus colegas e chegou a fazer algumas habilidades sobres os adversários. Começa, cada vez mais, a mostrar-se um valor à parte neste plantel.

No meio-campo, o destaque vai para João Paulo. Continua a ter algumas dificuldades em acertar os seus passes e em revelar qualidade com a bola no pé, mas compensa com um voluntarismo extraordinário. Não virando a cara a nenhuma luta, roubou muitas bolas, «chateou» muitos oponentes e, com isso, empurrou o S. João de Ver para trás.

No setor recuado, bons registos dos centrais e do guarda-redes da Ovarense. O capitão Fábio Pereira voltou a ser o esteio do quarteto defensivo, mas agora bem complementado por um Jonas de «cara lavada». Com a provável saída de Sampaio do plantel, o ex-Avanca voltou a saltar para o 11 e mostrou que por lá pode ficar. Mais atrás, Samuel Biscaia não teve qualquer culpa no golo sofrido e ainda foi gigante a parar o S. João de Ver na parte final do encontro, altura em que a Ovarense já atacava com quase todos e defendia com quase nenhum.

Do banco, ainda saiu a boa surpresa da tarde: Jair. O reforço brasileiro entrou cheio de vontade de mostrar serviço e, da ala direita, conseguiu arrancar várias vezes rumo ao perigo. Depois de ter marcado, pela equipa B, na semana passada, o jovem de 20 anos já se implementa na equipa principal da Ovarense.

Por seu turno, Wellington também não esteve mal. Entrou cedo, aos 25′, para substituir o lesionado Cocas e, tendo a tarefa espinhosa de jogar numa posição de lateral esquerdo que não a sua, deu conta do recado. Conseguiu emparelhar-se bem com Tigas e, apesar de ter novamente alguns momentos em que se apegou demasiado à bola, a sua enorme velocidade pode sempre ser uma arma para Artur Marques usar no futuro.

Para coroar a exibição da Ovarense, faltou apenas o golo. E, nesse capítulo, Mário Jardel tem de fazer a diferença, pelo que a exibição do ponta de lança tem de ser relevado como o dado menos positivo da partida. Jardel tem pormenores de gabarito sempre que a bola lhe chega, mas esconde-se demasiado do centro do jogo e tem um estilo que pouco condiz com a «raça vareira» dos seus colegas.

Ainda assim, na única chance que teve, até podia ter sido feliz. Num livre cobrado à direita por Tigas, o camisola 45 saltou ao terceiro andar e cabeceou ao poste. Na recarga, Pereira ainda emendou, mas fez o mais difícil: colocou a bola por cima e não acertou com o alvo.

Foi esta a melhor chance da ADO até ao final, numa partida com mais um resultado inglório para os vareiros. O S. João de Ver ficou com a vitória e a Ovarense ficou apenas com a certeza da boa réplica que deu. Essa satisfação não traz pontos, mas traz confiança.

E confiança é o que parece não faltar para os lados do Marques da Silva, pelo menos a julgar pelas palavras de Artur Marques. Pois, da mesma forma descomplexada com que o timoneiro alvinegro fala de arbitragens, também fala de como quer a Ovarense no futuro e afirma com todas as letras: «não vamos descer de divisão, vamos manter-nos no Campeonato Safina!»

Cá estaremos para fazer a festa da manutenção. Mas, enquanto ela é apenas uma possibilidade, a certeza prende-se com o seguinte: nesta guerra que é o Campeonato Safina, a trincheira da Ovarense parece estar pronta para disparar em todas as direções. Um «dá e leva» dentro e fora dos relvados que ainda terá 16 capítulos (entenda-se jogos) até Maio.

Pedro Silva foi o repórter da Rádio AVfm no local. Ouça as declarações dos técnicos:

  • Declarações AD Ovarense | Artur Marques:

 

  • Declarações SC S. João Ver | Ricardo Maia:

 

Ficha de jogo

SC S. João de Ver: Nuno, Magolo (Martini, 61′), Marco Ribeiro (cap.), Rui Silva, Bino, Yorn, Gouveia, Machadinho (Alex Brandão, 61′), Zé António, Manuel Pinto (Vítor Neto, 76′), Rúben Gomes.

AD Ovarense: Samuel Biscaia, Parreira, Fábio Pereira (cap.), Jonas, Cocas (Wellington, 25′), Dayo Femi (Bruno Afonso, 74′), João Paulo, Filipe Lírio (Jair, 58′), Fred, Tigas, Mário Jardel.

Golos: Manuell Pinto, 25′.

Veja a fotogaleria do encontro:

 


Fotos: António Silva
Texto: Pedro Silva
Áudio: Jaime Valente


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