Campeonato SABSEG: Grande dérbi podia decidir subida mas deixou tudo igual; Florgrade e Ovarense empataram em Cortegaça, corticeiros seguem líderes

Para muitos o jogo do ano e aquele que decidia o novo campeão do SABSEG e a respetiva subida de divisão. No entanto, e apesar de um duelo de pormenores e nuances táticas aprimoradas e bem vísiveis, o Florgrade-Ovarense da 29.ª jornada terminou como começou – empatado a zeros. No fim, e para já, sobressaem os corticeiros, que permanecem com um ponto à maior em relação à Ovarense a 5 jornadas do fecho do campeonato.

45 MINUTOS DE MARASMO OFENSIVO

Num jogo onde a grande novidade nos onzes foi a não inclusão de Tika nas escolhas da Ovarense, as surpresas e lances junto das balizas escassearam a grande escala. De facto, olhando exclusivamente aos 45 minutos iniciais de futebol, registaram-se poucos remates de parte a parte e nenhum no sentido da baliza.

A Florgrade acabou por gerir as despesas da posse de bola, com um futebol mais apoiado, ainda que muitas vezes demasiado pausado. Já a Ovarense tentou aproveitar, com a velocidade de Shakqeem Joseph e Luís Fellipe na frente, as transições rápidas e bolas na profundidade.

Houve burburinho nas bancadas gerado por um ou outro lance, mas claramente se sentiu, na etapa inicial, um pacto de “não agressão” entre os dois candidatos ao título. Disso beneficiou, obviamente, a Florgrade, pois neste encontro decisivo jogava com dois resultados possíveis, o empate e a vitória.

Do outro lado da barricada, a Ovarense de Ricardo Maia só podia vencer e, por isso mesmo, a segunda parte teria de ter uma abordagem forçosamente diferente para os alvinegros.

SEGUNDA PARTE PODIA TER TRAZIDO GOLOS

O segundo tempo, porém, foi totalmente diferente do primeiro. Com uma Ovarense mais agressiva desde o primeiro minuto, cedo se percebeu que os visitantes estavam apostados em chegar ao golo e em colocar as suas armas ofensivas em campo.

Em menos de 15 minutos, já Tika e Luís Breda tinham entrado no jogo e ambos adicionaram aspetos positivos ao futebol dos alvinegros. Breda foi mesmo autor do primeiro lance de real perigo na baliza da Florgrade, um cabeceamento no coração da grande área, que saiu por cima da trave de Diogo Paiva.

Já a Florgrade, mais remetida ao seu processo defensivo, também não deixou de espreitar o contra-ataque. Sempre que se soltou das amarras da primeira linha de pressão da Ovarense, acabou por gerar muito perigo na área contrária. Basit Ahmed, em particular, aproveitou a sua velocidade para criar dois lances que podiam ter decidido o jogo – num aproveitou uma saída extemporânea de Renato Lopes para quase visar a baliza deserta, noutro serviu Luka Oliveira que, já dentro da área e em posição favorável, acertou na malha lateral.

A Ovarense fez o que lhe competia, arriscou tudo na busca da vitória e da liderança. Acabou o jogo com um sistema de 4x2x4, com André Martins e Simão Pita a refrescarem a zona ofensiva (Alexandre Pardal também entrou para a lateral esquerda). Diogo Paiva ainda foi obrigado a uma boa defesa mas, para além disso, destaque apenas para uma quase oportunidade para Simão Pita que, já dentro da grande área, ainda esboçou o remate, mas viu Ricardo Machado fazer um corte providencial e impedir o golo dos vareiros.

Para a Florgrade, que ainda tentou desbloquear o marcador mas que, claramente, se contentou com o empate no período de compensação, o resultado final de 0-0 é mais lisonjeiro. Os corticeiros seguem líderes do campeonato e deixam para trás os jogos diante de rivais diretos – embora ainda tenham duelos difíceis contra, por exemplo, JuveForce e Esmoriz. Já a Ovarense, a partir de agora, não depende apenas de si para chegar ao título e terá ainda, por exemplo, de receber o SC Espinho em sua casa.

Neste momento, a classificação dita 77 pontos para a Florgrade, 76 para a Ovarense. Na próxima jornada, os corticeiros viajam a Ponte de Vagos para defrontarem a JuveForce; a Ovarense recebe o Canedo no Estádio Marques da Silva.

Antes disso, os de Ovar jogam já na próxima sexta-feita diante do São Roque num duelo a contar para a Taça de Aveiro. O jogo dá acesso às meias-finais de uma competição onde a Ovarense também tem ambições sérias de vencer.

Florgrade FC – Hélder Castro

AD Ovarense – Ricardo Maia

DÉRBI TERMINOU COM CENAS LAMENTÁVEIS

Foi já num dos últimos capítulos do dérbi, até aí jogado com fair-play, que o verniz estalou. Num lance entre Basit Ahmed e Diego Tavares, que o central brasileiro levou a melhor com um grande corte em carrinho, os bancos explodiram em confrontos. Zé Carlos, presidente da Florgrade, e outro elemento do banco corticeiro acabaram expulsos; do lado da Ovarense, Diogo Almeida, guarda-redes suplente, também recebeu o cartão vermelho.

Destaque ainda para Maurício Júnior, centro-campista da Ovarense que foi titular no encontro mas que já estava entre os suplentes no momento dos confrontos. O brasileiro mostrou-se de cabeça perdida e, à vista de todos os presentes na bancada e no terreno de jogo, agrediu um elemento ligado à Florgrade.

Depois do apito final, outro enorme foco de confusão, este já no relvado. Diego Tavares e Basit Ahmed envolveram-se e foi preciso a intervenção da polícia para parar a quezília. O nigeriano da Florgrade teve mesmo de ser imobilizado no relvado por quatro colegas de equipa; já Diego Tavares foi afastado pelo colega Isaac Kwakye e alguns elementos da GNR.

Voltaram a saltar cartões vermelhos do bolso do árbitro do encontro, Daniel Pinto, que pouco ou nada pôde fazer para impedir que vários jogadores e elementos ligados aos dois conjuntos reacendessem a discussão e os confrontos físicos. Momentos lamentáveis que continuaram durante largos minutos e extenderam-se, inclusivamente, à zona de acesso aos dois balneários.

Imagem: Direitos Reservados
Texto: Pedro Silva