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Carregosense vem a Ovar vencer «batalha de aflitos»

Written by on 17/01/2018

Braços caídos e rostos cabisbaixos. Uma combinação que nunca é animadora e que tem pairado no Estádio Marques da Silva quando a equipa senior masculina da AD Ovarense joga. Depois da crise alvinegra que se fez sentir no início da temporada, os resultados negativos parecem ter-se instalado novamente no seio da formação vareira e o 17º e penúltimo lugar do Campeonato Safina é o espelho daquilo que têm sido todas as dificuldades sentidas na presente temporada.

Com 8 pontos somados e sem qualquer vitória desde Novembro, a equipa de Artur Marques entrou em 2018 com uma derrota em Pampilhosa e, no primeiro desafio do ano no seu reduto, não foi nada feliz num jogo de aflitos contra a JD Carregosense. Os visitantes vieram mesmo a Ovar para vencer por 2-0, ultrapassar a Ovarense na classificação e chegar aos 10 pontos na tabela.

À semelhança de um relvado do Marques da Silva que se nota muito fustigado, esta equipa da Ovarense é, também ela, uma autêntica manta de retalhos. Os vários reforços que a equipa tem tido nas últimas semanas ainda não conseguiram deixar a sua marca e têm ajudado a uma tendência de pouca estabilidade no onze inicial vareiro.

De facto, a Ovarense ainda não repetiu um único onze titular no Campeonato Safina. Nas 15 jornadas já disputadas, muitos jogadores foram já chamados à ação e outros tantos deram resposta negativa. Várias lesões, saídas da equipa e algumas mudanças táticas também aparecem nesta malfadada receita.

Artur Marques não tem tido mãos a medir e, por entre críticas aos seus jogadores e às arbitragens da AF Aveiro, pelo menos sabe que pode contar com o apoio do presidente da Ovarense, Paulo Campino. O dirigente veio já manifestar-se nas redes sociais e reafirma a confiança que tem na equipa técnica dos alvinegros.

No entanto, e voltando ao jogo contra o Carregosense, não há ninguém que possa estar contente com mais uma exibição pobre da Ovarense. Os adeptos que marcaram presença no estádio ainda puxaram bastante pela equipa. Mas depois do segundo golo dos comandados de Miguel Rapinha, aos 86 minutos, os assobios fizeram sentir-se e deram som às críticas que até aí estavam abafadas.

A Ovarense nunca esteve confortável no encontro, tendo mesmo começado praticamente a perder. O golo de Tono Rebelo, aos 4′ da partida, surgiu depois de um cabeceamento oportuno do ponta de lança. Não obstante, Rebelo beneficiou da fraca abordagem na marcação por parte David Rocha e Fábio Pereira.

Pereira até foi o dono da braçadeira da ADO e capitaneou uma formação que teve Jean (adjunto de Artur Marques) como homem forte do banco de suplentes. A Ovarense jogou com Samuel Biscaia, Pedrinho, Fábio Pereira, Dayo Femi, David Rocha, Diogo Russo, João Paulo, Filipe Lírio, Artur, Tigas e Mário Jardel. Pablo e Wellington, recém contratados, foram suplentes utilizados na etapa complementar.

Apesar do golo sofrido a frio, a primeira parte da Ovarense até antevia um final mais feliz para esta história. A reação ao tento dos de Carregosa foi intensa e, até ao intervalo, as melhores chances de golo pertenceram aos vareiros.

Através de bolas paradas, a capacidade física da ADO fez-se sentir e o jovem central Femy chegou a ameçar a baliza de Roskoff por duas vezes. No entanto, o guardião do Carregosense só foi chamado a grandes intervenções por duas ocasiões e todas de bola corrida.

Aos 13′, numa bola picada para as costas da defensiva do Carregosense, Filipe Lírio viu Roskoff sair-lhe aos pés e impedir o golo do empate. Na confusão do lance, não houve ninguém da Ovarense que fosse capaz de emendar e a bola foi mesmo rechaçada pelos defensores visitantes.

Depois, já em cima do apito para o descanso, foi Artur a estar muito perto. O extremo apareceu bem em zona de finalização para corresponder a um cruzamento de Tigas, mas Roskoff disse-lhe não com uma palmada com as luvas.

No reatar, a Ovarense até parecia estar com a mesma dinâmica, mas foi sol de pouca dura. A última oportunidade de real perigo surgiu à passagem do minuto 48, após um canto apontado por David Rocha. Nem Jardel nem Fábio Pereira conseguirem a emenda, apesar de ambos estarem na pequena área a escassos metros da linha de golo.

Os brasileiros Pablo e Wellington seriam lançados cedo, aos 52′ e aos 61′, rendendo Diogo Russo e Tigas. Porém, nenhum deles conseguiu trazer um cunho diferente ao jogo. Pablo foi, ainda assim, o que deixou melhores (ainda que ténues) indicações.

Em cima do minuto 70, Parreira também entraria para o lugar de Pedrinho. Só que a exibição da Ovarense já estava em espiral descendente, independentemente dos intervenientes que pisavam o relvado. A nota geral era de impaciência e desentendimentos na construção e a equipa vareira tinha, assim, imensas dificuldades para furar o último reduto do Carregosense.

Já os visitantes, ao sobreviverem à pressão da Ovarense, começavam a acreditar que era possível criar problemas nas transições rápidas. Perante o esmorecimento adversário, os homens de Rapinha quase marcavam aos 84′ e selaram mesmo o resultado aos 86′.

Vitinha foi o autor do 2-0. O camisola 12 surgiu dentro da área para rematar descaído na meia esquerda e contou com um ressalto de bola que traiu Biscaia e a sua abordagem. A bola entrou lentamente na baliza da Ovarense e sem que ninguém conseguisse chegar a tempo para a desviar.

Até ao apito final de Luís Guimarães, pouco mais houve a registar. Descrente, a Ovarense arrastou-se pelo campo e foi colhendo os apupos dos adeptos. Estes estiveram em bom número nas bancadas e exigem mais dos artistas alvinegros.

Pedro Silva foi o repórter da Rádio AVfm no local. Ouça as declarações dos técnicos:

  • Declarações AD Ovarense | Jean:

 

  • Declarações JD Carregosense | Miguel Rapinha:

 

Quase a fechar a primeira volta, a Ovarense tem agora dois desafios até reentrar na série de jogos que fez com que começasse de pé esquerdo no Campeonato Safina. Na próxima jornada, recebe o CD Estarreja; e depois fecha a metade da época com uma visita a Castelo de Paiva.

Apesar de estar apenas a 2 pontos do 15º lugar (lugar de fuga à despromoção), a Ovarense sabe que dificilmente conseguirá subir acima desse posto. O 14º da tabela, Paivense, tem já mais 8 pontos e os próprios responsáveis vareiros já admitiram que a luta será intensa até ao fim.

Antes de mais, há que regressar aos bons resultados. O Estarreja pode não ser o adversário mais indicado – está num bom momento e ascendeu ao 6º lugar da tabela – mas é o próximo. E, nesta fase, a Ovarense está sem margem de manobra e precisa de expurgar todos os fantasmas o quanto antes.

Veja a fotogaleria do encontro:

 


Fotos: Diogo Marques
Texto: Pedro Silva
Áudio: Jaime Valente

 


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