Livro de João Costa, “Cantar os Reis em Ovar”, é registo histórico para a posteridade

Ao final da tarde desta quarta-feira, 2 de fevereiro, o Centro de Arte de Ovar acolheu a sessão de lançamento do livro “Cantar os Reis em Ovar”, de João Silva e Costa.

Com edição da Câmara Municipal de Ovar (CMO), a obra reúne os principais acontecimentos e vivências de mais de um século da tradição reiseira, tão única e enraizada na comunidade vareira.

Recorde-se que o Cantar os Reis de Ovar foi considerado, em novembro de 2020, Património Cultural Imaterial de Portugal, na sequência de uma candidatura submetida pela autarquia em 2016.

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Seria suposto que o lançamento do livro acontecesse no período em que se comemoraram os 150 Anos de Nascimento de António Dias Simões. As condicionantes impostas pelo combate à pandemia Covid-19 levaram ao adiamento do evento, que acabou mesmo por acontecer em pleno ano de 2022.

A sessão de apresentação começou com uma breve atuação da Troupe JOC LOC, cuja prestação ajudou a relembrar o costume secular que tem sido tão limitado nos últimos tempos. A presença da Troupe não poderia ter maior significado: por um lado João Costa é um dos elementos da mesma, por outro, dois anos de interrupção na tradição devido às condições sanitárias deixou todos os presentes com saudades de ouvir os belos acordes e vozes em palco.

Coube a Manuel Augusto Pinho Lopes, reiseiro e amigo do autor, a primeira intervenção, em jeito de introdução da obra.

Manuel Lopes destacou a qualidade do trabalho final, caracterizando o “Cantar os Reis em Ovar” como uma obra exemplar, que assegura o registo histórico e cultural para as próximas gerações.

No seu entendimento, a obra apresentada marca uma nova era na tradição secular, sublinhando que existe “o Cantar os Reis antes de João Costa e o Cantar os Reis depois de João Costa”, graças ao valor que o autor lhe acrescentou.

Certo de que o nosso País é muito rico na sua diversidade cultural e da importância dos registos (escritos, fotográficos, audiovisuais) para o perpetuar das tradições, Manuel Lopes reforçou a importância do livro nesse contexto e apelou, aos autarcas e cidadãos, para que não deixem a cultura entregue à má sorte.

Foi então que o autor, João Silva e Costa, usou da palavra. Viajando no tempo, começou por partilhar que ouviu, pela primeira vez, as Troupes de Reis quando tinha cerca de 10 anos. Ficou maravilhado e continuou a escutá-las ao longo da sua adolescência.

Recordou com emoção que ao completar 18 anos integrou a Troupe Comércio e Indústria. No ano seguinte, em 1959, rapazes da Troupe JOC (Juventude Operária Católica) e dos Escuteiros juntaram-se e criaram a Troupe JOC-Escutas. Mais tarde, com a saída dos segundos, a Troupe passou a designar-se JOC LOC, mantendo-se ativa até aos dias de hoje.

Confessou que foi em 1993, na altura do Centenário da Tradição Reiseira em Ovar, que sentiu o impulso para começar aquilo em que andava a pensar há muito tempo – escrever um livro sobre uma tradição que o apaixona.

O “Cantar os Reis em Ovar” é o fruto de um longo processo de recolha de testemunhos de cidadãos locais e de coletividades, de informações publicadas na imprensa da época e de outras fontes. A obra é um misto da arte de bem escrever e de detalhar a(s) história(s) que melhor retrata(m) a realidade vivida pela nossa comunidade.

Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, encerrou a sessão. Lamentou a impossibilidade de levar a tradição reiseira à rua e aos palcos nos anos anteriores, fazendo votos de que, num futuro próximo, não haja tantas limitações.

Num breve comentário, o autarca refletiu que um povo sem tradições, legados e orgulho é uma comunidade que terá dificuldades em viver o presente e perspetivar o futuro. Nesse sentido, mostrou o seu contentamento por verificar a afirmação do “Cantar os Reis” ao longo dos tempos.

A Rádio AVfm fez o registo do momento, bastando clicar nos player’s multimédia para ouvir as intervenções na íntegra. Deixamos ainda alguns instantâneos da apresentação da obra “Cantar os Reis em Ovar”, para mais tarde recordar:

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Fotos: Câmara Municipal de Ovar
Áudios: Jaime Valente
Texto: Irina Silva