“O Futuro da Universidade” em debate pela Plataforma Cidades: “A Universidade como deve ser”
Escrito por AVfm em 20/09/2022
A Plataforma Cidades promove, no próximo sábado, dia 24 de setembro, um primeiro encontro “Quo Vadis Universidade” para debater o “O Futuro da Universidade”.
O evento terá lugar na Casa de São Sebastião, no nº. 42 da rua de Aveiro com o mesmo nome, entre as 10h00 e as 17h00.
A parte da manhã será reservada a plataformistas e a sessão da tarde, das 14h30 às 17h00, aberta ao público, contudo sujeita a inscrição através do email plataformacidades.op@gmail.com. O encontro será centrado nas intervenções e reflexões de António M. Feijó, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e de Paulo J. Ferreira, Reitor da Universidade de Aveiro (UA).
Para preparar os participantes e promover um encontro e debate ativo e consciente, a Plataforma Cidades está a disponibilizar artigos de opinião sobre a temática.
O seguinte texto, enviado pelo coordenador do projeto Pompílio Souto, resume e explica as ideias defendidas no ensaio “A Universidade como deve ser” de António M. Feijó e Miguel Tamen, pelos próprios autores.
O resumo está disponível em Ensaio nº 77 da Coleção da FFMS, de António M. Feijó e Miguel Tamen.
1.
“As universidades deveriam concentrar-se em dar aos alunos uma experiência variada e alargada de vários domínios do conhecimento; e só mais tarde encorajar a sua especialização“
De que trata o livro?
O livro trata das universidades públicas portuguesas. Descreve uma ideia de universidade; descreve a história da criação de um curso de licenciatura numa universidade portuguesa que corresponde a essa ideia; descreve como as coisas actualmente se fazem nas universidades portuguesas; e defende que essas coisas podiam ser mais bem feitas.
Para quem é este livro?
Este livro foi pensado para pessoas que não sabem como funciona uma universidade em Portugal; e também para pessoas que sabem como funciona uma universidade em Portugal, mas que nunca imaginaram que pudesse funcionar de outra maneira; e finalmente para pessoas que gostariam que as universidades em Portugal funcionassem melhor.
É um livro não-técnico para o leitor comum.
As universidades portuguesas são más?
Nos rankings internacionais há cursos de universidades portuguesas que estão bem classificados. Mas é raro que universidades portuguesas no seu todo apareçam bem classificadas. É assim razoável concluir que no seu todo as universidades portuguesas podiam ser melhores.
O que quer dizer ‘a universidade como devia ser’?
Tal como as democracias mais antigas partilham tacitamente ideias sobre a democracia, assim as melhores universidades partilham ideias sobre o que é uma universidade, e o que nela se faz ou pode fazer.
Estas ideias não são, no entanto, comuns em Portugal.
Uma das principais é a ideia de educação liberal: uma educação que ajuda quem é educado a tornar-se livre. Uma pessoa livre é uma pessoa que aprende muitas coisas diferentes sem se preocupar primeiro com a sua utilidade; que tem curiosidade por coisas que não conhece, que gosta de perceber coisas complicadas, e que gosta de simplificar coisas confusas; e é uma pessoa que é capaz de pensar pela própria cabeça e que é encorajada a pôr as suas ideias em prática.
Como deveria ser a universidade?
Nenhuma universidade pública deveria prometer aos seus alunos empregos que não lhes pode dar.
Todas deveriam concentrar-se em dar-lhes primeiro uma experiência variada e alargada de vários domínios do conhecimento; e só mais tarde encorajar a sua especialização.
As universidades públicas deveriam poder contratar individualmente o seu financiamento com a tutela; deveriam poder suplementar esse financiamento como entendessem.
Deveriam poder escolher os seus alunos, e estes deveriam poder candidatar-se às universidades e aos cursos que entendessem.
Deveriam poder organizar-se como achassem melhor, contratar os professores que achassem adequados, e pagar-lhes o que achassem que mereciam.
Deveriam finalmente poder ser responsabilizadas pelas suas escolhas e pelos seus erros.
O que poderá fazer-se para que a universidade seja como devia ser?
Melhorar uma universidade é um processo que demora tempo e requer paciência. As universidades públicas portuguesas não precisam de mais leis ou de mais organismos de tutela e regulação: mas simplesmente que certas leis sejam revogadas e que certos organismos desapareçam.
O livro defende:
. que não há necessidade de o Estado fixar as vagas dos cursos e das universidades;
. que não tem que autorizar cursos ou propor a sua extinção
. que não deve haver uma carreira docente universitária uniforme; e
. que não deve haver um regulamento comum ao governo de todas as instituições de ensino superior.
Defende ainda que alguns dos principais organismos que condicionam o ensino superior deveriam ser extintos ou drasticamente reduzidos: por exemplo, a Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior; a Fundação para Ciência e Tecnologia; e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
2.
Temos de tentar contribuir para aproximar a Universidade da Sociedade, ou se calhar sobretudo o contrário.
Vamos ter agora o dinheiro que nunca tivemos e muitas das capacidades que sempre nos faltaram – e que não são ainda suficientes. Esta não é apenas a “hora deles” é, antes de mais a “nossa hora”: a dos Cidadãos que se interessam e são parte do processo do nosso Crescimento Coletivo!
Posteriormente pode partilhar a sua reflexão e opinião, sobre o que defende ou lhe pareça oportuno com a Plataforma Cidades, através do email plataformacidades.op@gmail.com.
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