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«O segredo foi direcionar o foco para nós e os jogadores foram inexcedíveis» – Miguel Rapinha

Escrito por em 12/10/2021

O primeiro dérbi é sempre inesquecível. Mas este será certamente mais inesquecível que todos os outros.

SC Esmoriz e Flograde FC foram a jogo na estreia do dérbi concelhio entre ambos, num patamar oficial: o resultado teve tanto de surpreende como de inolvidável. É que o Esmoriz, equipa em dificuldades neste arranque de Campeonato SABSEG, venceu uma das sensações da Zona Norte, Florgrade, por arrasadores 7-1. Sim, leu bem, sete a um. Não foi em hóquei em patins, foi mesmo num atípico jogo de futebol.

Em estreia oficial no banco do Esmoriz, Miguel Rapinha orquestrou um “vendaval” na Barrinha. O novo técnico dos Guerreiros admitiu alto e bom som, aos microfones da AVfm, que não sonhava com uma estreia tão perfeita, mas sublinhou na entrevista à rádio do desporto vareiro que, apesar do «curto período para trabalhar a equipa», o «segredo esteve em direcionar o foco para dentro.»

«Estávamos conscientes da grande valia do adversário. Mas era urgente que estes jogadores pegassem numa linha orientadora, olhassem para as nossas ideias e fossem capazes de as traduzir dentro de campo. O nosso trabalho da semana foi direcionado para isso e os jogadores foram inexcedíveis.»

«Os jogadores entraram com uma perspetiva positiva muito forte, foram determinados. Acreditaram no discurso que lhes passamos e que dizia que eles não eram tão fracos como eventualmente se pensava… tal como agora não são os mais fortes depois deste resultado.»

Em menos de 40 minutos de dérbi, o Esmoriz foi capaz de desmontar a linha defensiva da Florgrade por três vezes, com golos de Hugo Montenegro, Luisinho e André Pinhal. O corticeiros ainda responderiam antes do intervalo, com Edu Silva a reduzir e a relançar a discussão para a segunda parte… pelo menos pensava-se.

É que os esmorizenses estavam mesmo implacáveis e a etapa complementar teve uma balança ainda mais desnivelada a seu favor. Luisinho marcaria mais dois – chegando ao hat-trick -, André Pinhal também repetiria o gosto ao pé e atingiria o bis. Pelo meio, até Ricardinho (praticamente no seu primeiro toque na bola), marcaria o seu tento. Contas feitas, consumava-se um 7-1 e o resultado mais gordo do SC Esmoriz desde o já longuínquo ano de 2012, quando vencera o Valonguense por 9-2 numa época em que foi campeão da antiga 2ª Divisão Distrital.

O novo SC Esmoriz de Miguel Rapinha surpreendeu com uma face diferente, não só pelo resultado refrescante, mas também pela forma como se apresentou em campo. Numa abordagem baseada numa linha defensiva de três centrais, este Esmoriz aposta não só no “sistema da moda”, mas também numa disposição que é (publicamente) das favoritas do seu novo técnico.

«Do meu ponto de vista, depois de uma rápida análise ao plantel e às suas características, percebi que tínhamos condições para potenciar este sistema que eu aprecio e gosto de trabalhar. Vamos variar consoante o adversário e de acordo com a “matéria prima” que são os nossos jogadores.»

A caminho de uma importante visita ao Estádio Comendador Henrique Amorim para duelo contra o líder, União de Lamas, Miguel Rapinha sublinha que será importante relativizar o resultado obtido perante a Florgrade, embora este ofereça um boost que pode ajudar no futuro. «Vamos trabalhar para trazer os jogadores para a realidade ao longo da semana porque foi apenas uma vitória, não contou mais do que 3 pontos. Obviamente que foi importante para que eles percebam que têm competência e qualidade para disputarem os resultados contra qualquer adversário, em qualquer terreno.»

Na mó de cima depois de um registo histórico, o técnico dos esmorizenses não embandeira em arco quando se fala de uma eventual luta pelos lugares de acesso à Fase de Subida do Campeonato SABSEG. Pelo contrário, traz à baila a questão da manutenção, colocando as suas fichas nas etapas que se seguem.

«Antes deste jogo estávamos no penúltimo lugar com 4 pontos e agora somamos apenas mais 3 pontos. Por isso, vamos jogo a jogo, tentando trepar na tabela classificativa de modo a criarmos condições para aquele que é o nosso real objetivo – a manutenção, o mais rápido possível.»

«Se essa manutenção puder surgir a partir dos 4 primeiros, excelente. Teremos o objetivo conquistado e, a partir daí, podemos redefinir. Mas, neste momento, queremos é aproximar-nos o mais possível desse top 4 e, para isso, temos de pensar semana a semana: com determinação, rigor, compromisso e, acima de tudo, humildade.»

Miguel Rapinha – SC Esmoriz

Imagem: Direitos Reservados
Texto: Pedro Silva
Entrevista: Helder Ferreira
Áudio: Jaime Valente



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