Ovar Expande: Uma Viagem Eclética de Sons, Sensações e Memórias
Escrito por AVfm em 29/10/2024
A última noite da 5ª. edição do Ovar Expande ofereceu-nos o privilégio de assistir a três concertos bastante distintos entre si. Mas, Ovar Expande é exatamente isso: eclético na música, levando-nos da calmaria à azáfama sonora, da natureza à eletrónica, passando por um meio-termo orgânico e simplista.
A noite começou com um concerto de Emmy Curl, que foi absolutamente soberbo. Todo o cenário, juntamente com as projeções, transportava o público para o meio da natureza, para um bosque encantado. Emmy Curl não esconde a sua paixão pela música tradicional celta. Em Portugal, especialmente no norte, este estilo reflete uma herança cultural antiga, que combina influências celtas com outras tradições locais e estrangeiras. A ligação à Galiza ajuda a manter viva essa tradição, embora a música tradicional portuguesa, como um todo, seja um mosaico de várias culturas.
O figurino de Emmy, evocando uma guerreira, transmitia a força da mulher e a sua sensualidade, mas ela também lembrava que, apesar disso, nós, mulheres, somos vulneráveis. Referiu ainda que, embora cada um de nós (homens ou mulheres) tenha tanto um lado masculino quanto feminino, não devemos deixar que o lado masculino se sobreponha ao feminino, que nos é inerente. O público ficou atónito, pois aquilo não era apenas um concerto; havia também um lado cénico bonito e teatral. Na voz de Emmy Curl, ouvia-se a musicalidade celta, bem como a música tradicional portuguesa. Ainda nos presenteou com uma reinterpretação de “Maio Maduro Maio“, que foi bonito, emocionante.
No final do concerto, ouvia-se: “Esta miúda é espetacular!“. As pessoas saíram com a energia revitalizada.
Após o concerto, tivemos oportunidade de falar com a artista, na conversa que se segue:
A seguir, como já é habitual, o público deambulou pela Escola de Artes e Ofícios até à sala Galeria para assistir a um concerto bastante intimista de Gobi Bear, projeto de Diogo Pinto.
Gobi Bear tem um estilo de atuação ao vivo muito singular, utilizando o looping para criar composições complexas e ambientes sonoros expansivos, gravando camadas de voz e instrumentos em tempo real, que depois se sobrepõem para formar as suas músicas. No Ovar Expande, o concerto destacou-se não apenas por isso, mas por ser um cine-concerto, onde íamos acompanhando a criação de desenhos por uma artista num acetato, projetado por um retroprojetor. Diogo Pinto, como já é habitual, conseguiu criar uma atmosfera intimista com arranjos simples e cativantes, apenas com a voz e a guitarra.
O público voltaria ao “céu” da Escola de Artes e Ofícios, para um concerto que viria a ser memorável. Mirror People, projeto de Rui Maia, acompanhado por Ró (Maria do Rosário), não permitiu que o público se sentasse. Ali, o público expandiu-se claramente dentro da dimensão do Expande. Com o uso de sintetizadores, congas e a voz envolvente de Ró, criou-se um ambiente introspetivo, uma verdadeira viagem pelo universo da música eletrónica. A música parecia pedir ao corpo para se mexer, e era impossível ficar indiferente. Foi um término em grande estilo.
Durante a tarde de 19 de outubro, tivemos oportunidade de falar com Rui Maia sobre o evento, o projeto musical e a antevisão do concerto:
Antes de terminar a noite, tivemos ainda a oportunidade de perceber como o Ovar Expande é sentido, numa conversa com Ana Barros, técnica de comunicação e jornalista freelancer. A acompanhar o evento de música nova e alternativa há dois anos, tentámos perceber como sente o festival:
Agora, fica a memória de 3+1 dias de arte, música, companheirismo e amor, e as saudades já se fazem sentir. Que venham mais cinco edições deste que não é um festival, pois festival é algo mais banal e comum, e se há algo que o Ovar Expande não é, é banal.
Obrigada CMO, obrigada a todos os que foram o cérebro por trás deste cartaz eclético, e obrigada a quem faz tudo acontecer.
Viva a Cultura!
Confira alguns momentos do 3º. dia de Ovar Expande, pela lente de António Dias:
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