Paradas e respostas, levam a Ovarense Gavex à permanência na história do basquetebol nacional (após 48 minutos)
Escrito por AVfm em 07/05/2021
À entrada do jogo 4 do play-out, a Ovarense Gavex encontrava-se a apenas um jogo e potencialmente 40 minutos de continuar a fazer história e carimbar a sua 43.ª presença consecutiva no principal escalão do basquetebol nacional (nunca desceu da 1.ª divisão, assim que lá entrou). Sucede-se que, foram precisos 48 minutos e não apenas 40 para que o sonho, que remonta da década de 70, continuasse bem vivo. Do outro lado, o Esgueira mostrou que tinha qualidade para estar entre as melhores formações nacionais, vendendo cara a derrota no jogo 4, quase obrigando mesmo a uma negra em Ovar. Todavia, a melhor equipa acabou mesmo por sair vitoriosa, e pode “celebrar” mais uma permanência na principal liga nacional…
E a “montanha russa” repetiu-se, com menores inclinações…
Se já no jogo anterior tínhamos falado num jogo constante de altos e baixos de parte a parte, este encontro não se revelou diferente. Aliás, só agudizou essa alternância, encurtando os períodos de supremacia das equipas e aumentando os de alternância entre os líderes do marcador.
Percebeu-se a urgência do jogo para a formação caseira, que mais uma vez contou com a grande inspiração de Seydougou Santis, mais conhecido entre os seus pares por Mike Fofana, que pareceu sair direto do jogo 3 sem parar, convertendo com facilidade as suas primeiras tentativas da linha dos 3 pontos.
Todavia a Ovarense não se deixou afetar pela intensidade da formação de Aveiro e foi mantendo a sua compostura com um primeiro período em que não permitiu um grande afastamento no marcador, muito à custa de um bom primeiro período de Marcus Lovett Jr. e alguns triplos nos momentos certos, registando-se um 24-20 no seu término.
Beamon “o equilibrador” ao seu serviço…
Para cada “Batman” existe um “Robin”, e quando Marcus não esteve tão inspirado, foi a vez de George Beamon se erguer perante a ocasião. O base norte-americano que abraçou o seu papel a partir do banco, entrou em modo “exterminador” e começou a converter praticamente todas as iniciativas ofensivas. Inclusivamente até o seu tiro exterior finalmente apareceu, concretizando uma sequência de 3 triplos consecutivos.
Mesmo depois de já ter ajudado a formação vareira a sair com vantagem para o intervalo, Beamon continuou o seu bom trabalho no ataque ao cesto e no sector defensivo esteve muito ligado, criando alguns turnovers em fases importantes do encontro.
Quando tem de ser, tem muita força…
É nos momentos de maior tensão, que aparecem os grandes homens, e este jogo não foi excepção para Marcus. À entrada do 4.º período tudo estava igualado entre ambas as formações, e foi quando apareceu o base norte-americano (melhor marcador da fase regular) a exibir todo o seu arsenal.
Se não foi possível nos 40 minutos, conduzir a equipa a uma vitória na eliminatória, não se deveu a Marcus (em parte a responsabilidade também foi de um Benjamin Drake que conquistou uma falta que o levou a empatar o encontro na linha de lace-livre antes do final do tempo regulamentar), que entrou num nível acima dos demais em campo.
Nível que serviu de catapulta no prolongamento para fazer a equipa carimbar mais uma presença no principal patamar do basquetebol. Foi desde triplos na cara do adversário a explosões que deixaram os oponentes para trás no caminho para o cesto, passando por roubos de bola que só terminaram dentro do cesto do outro lado…
Não houve energia de sobra no Esgueira (com um Guga tapado por faltas, que foi o grande catalisador da explosão de Marcus) para travar o motor da Ovarense, e no final a vitória sorriria tranquilamente, para grande gáudio de todos os vareiros.
Mais uma vez, fazia-se história para os lados do pequeno concelho de Ovar…
Exibições à lupa…*
– Ovarense Gavex-
Marcus Lovett Jr. – 10
(33 pts; 3 trpl; 4 rt; 7 ass; 2 rb; 50% LC)
Andou algo escondido durante os 3 primeiros períodos, mas bastou uma pequena chama (com o espicaçar de Gustavo Teixeira) para o norte-americano entrar num nível reservado aos “pre-destinados”. O grande responsável por não haver um jogo 5 na eliminatória.
George Beamon – 9
(27 pts; 3 trpl; 7 rt; 2 ass; 2 rb; 70,6 % LC)
Sempre em crescendo ao longo da eliminatória, Beamon foi mesmo o segundo melhor elemento dos vareiros ao longo dos 4 jogos, culminando a série com um excelente contributo quer ofensivo, quer defensivo. Muito se deveu também a ele, a luta constante da Ovarense durante todo o encontro.
Brock Gardner – 6
(7 pts; 3 rt; 1 ass; 2 rb; 2 dl)
Nem sempre as estatísticas revelam tudo, mas neste caso, até ajudam um pouco a perceber a influência de Brock Gardner dentro de campo. Pode até nem ter sido dos melhores jogos ofensivos de Brock com a camisola alvo-negra, no entanto arranjou outras formas de contribuir positivamente para a equipa.
Christopher Mcknight – 6
Pedro Bastos – 6
Trey Moses – 5
Pedro Oliveira – 4
Cristóvão Cordeiro – 3
Pedro Pinto – 2
– Esgueira/Aveiro/Oli –
Seydougou Santis – 10
(35 pts; 5 trpl; 4 rt; 3 ass; 1 rb; 54,2% LC)
Benjamin Drake – 8
(16 pts; 12 rt; 1 dl; 85,7 % LC)
Kareem Brewton – 7
(7 pts; 4 rt; 9 ass; 2 rb)
Cuyler Mosley – 6
Gonçalo Madureira – 4
Christian Foxen – 2
João Guerreiro – 2
Bolon Sauané – 1
Fiquem com as declarações dos técnicos da Ovarense Gavex e do Esgueira no final da partida, recolhidas pelo repórter no local, Helder Ferreira:
Liga Placard – Play-out – Jogo 4 – Esgueira/Aveiro/Oli x Ovarense Gavex
Esgueira/Aveiro/Oli
5 inicial: Gustavo Teixeira, Kareem Brewton, Cuyler Mosley, Seydougou Santis e Benjamin Drake.
suplentes utilizados: Gonçalo Madureira, Christian Foxen, Bolon Sauané e João Guerreiro.
Treinador: Pedro Costa.
Ovarense Gavex
5 inicial: Marcus Lovett Jr., Pedro Bastos, Brock Gardner, Christopher Mcknight e Trey Moses.
suplentes utilizados: George Beamon, Pedro Oliveira, Pedro Pinto e Cristóvão Cordeiro (c).
treinador: Pedro Nuno
Resultado ao intervalo – 42 x 46
Resultado final nos 4 períodos – 77 x 77
Resultado final após prolongamento – 85 x 92
MVP jogo: Marcus Lovett Jr. (Ovarense Gavex) (33 pts; 4 rt; 7 ass; 2 rb; 50% LC) – Pontuação – 10
* – Os valores atribuídos têm por base uma escala numérica de 0 a 10, sendo que os 3 melhores jogadores de ambas as formações têm um destaque diferenciado na escala