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Um Válega na rota do “mata-mata”

Escrito por em 28/05/2021

Quem diria que, depois de meses de pandemia, de um confinamento geral, dos estádios e relvados vazios, a 1ª. Divisão Distrital regressaria e veria uma equipa do nosso concelho tornar-se a sensação da sua retoma. Poucos, provavelmente; mas está a acontecer.

O CCR Válega apresenta-se na Prova Final como um dos underdogs com melhores argumentos em campo e, não só já se qualificou para os quartos-de-final da competição – garantindo um posto nas 8 melhores equipas – como foi ainda um dos 4 primeiros a consegui-lo, logo à quarta jornada da fase de grupos da competição.

Num “mini-campeonato” de apenas 3 equipas, o Válega sabia que a toda poderosa Florgrade partia como super favorita à passagem. Os corticeiros fizeram por valer a sua lei, embora tenham vencido de forma suada no duelo contra os do Sargaçal, em Cortegaça. Assim, o Válega virava todas as suas baterias para os 2 jogos contra o Arrifanense, o outro rival do Grupo D, que partia em igualdade pontual no começo da competição.

Depois de ter vencido por 3-2 em terras de Ovar, os comandados de Paulo Borges partiam para Arrifana com uma almofada de conforto: podiam empatar que garantiam, de pronto, a sua passagem. Mas sabiam que do outro lado iriam encontrar uma equipa a jogar o tudo por tudo para não cair por terra ao terceiro jogo da sua participação.

Nesse sentido, até para impedir o ímpeto forte que podia ser a carta apresentada pelo seu adversário, o Válega jogou no Estádio Resende Garcia completamente desprovido de complexos, sem medo de atacar e com um fio de jogo que lhe permitiu ser dono e senhor das operações, na etapa complementar. Ora com contra-ataques verticais, ora com pressão intensa que permitia recuperações de esférico na primeira fase de construção do seu adversário.

As oportunidades sucederam-se ao longo de 45 minutos, inclusivamente com duas bolas nos ferros. No entanto, o Válega só conseguiu materializar o seu assédio com um golo, apontado por Tiago Fragoso à passagem do quarto de hora, na sequência de um belo cruzamento do lateral, Rodrigo Cabral.

Sabendo que só o triunfo interessava e com a missão espinhosa de virar um resultado a seu favor, o técnico da casa, Miguel Avelar, desde cedo agiu do seu banco de suplentes. Junior entrou na partida para agitar ainda na primeira parte, fazendo parte de uma mudança de figurino no Arrifanense que até se materializou no seu sistema tático, que se estabilizou num 3-4-3.

Assim, a etapa complementar teve um sentido de jogo completamente diferenciado. E se, numa primeira fase, o Válega ainda se conseguiu estender no terreno e aproveitou algumas transições rápidas para criar perigo na baliza de Carlos França, a meia hora final de partida teve sinal mais do Arrifanense, o que obrigou os homens do Sargaçal a cerrar fileiras e a puxar dos galões para segurar as suas redes.

O golo da igualdade acabaria mesmo por chegar, aos 60 minutos, após um lance na área onde Takeshi finalizou na pequena área. Mas outros lances de perigo se seguiram (alguns até com polémica à mistura), com os postes do Válega a serem também visados pelos jogadores de verde e branco.

O Válega foi uma equipa de duas faces ao longo dos 90 minutos. Soube praticar um futebol muito agradável para carimbar uma vantagem justíssima. Porém, não conseguindo matar a partida, teve de fazer das tripas o seu coração e sofreu para segurar um empate com um sabor muito especial. Em ambos as fases do encontro, os atletas de Paulo Borges tiveram uma prestação impecável e, por isso, o prémio do empate e da passagem é mais do que merecido para um Válega que, não só em Arrifana, mas também no seu reduto – ou seja, no cômputo geral das (chamemos-lhe) duas mãos – foi a melhor equipa.

Num jogo que marcou a despedida dos relvados de uma referência da nossa distrital, o ponta-de-lança do Arrifanense, Inverno, foi o Válega quem fez a festa à flor do relvado. Imagens que orgulham o concelho de Ovar, que orgulham o povo de Válega e, em particular, talvez um elemento em especial: é que Gonçalo Muge, um dos líderes do balneário valeguense, a contas com uma lesão contraída há menos de um mês e que o obrigou a abdicar da carreira, foi dos mais efusivos nos festejos junto dos companheiros. Nem um par de canadianas param a felicidade de quem sente o futebol na verdadeira ascensão da palavra.

E já que se fala em “parar”, ainda está para surgir o adversário que parará este Válega no sonho de chegar ao SABSEG. A missão é muito difícil, realisticamente será até quase impossível, mas a alma deste clube continua bem vincada e o crescimento sustentado no futebol senior, desde os primórdios onde o Válega deu os primeiros passos na 2ª. Distrital, trazem bases para acreditar que quem quer que surja, terá de suar bastante para passar.

O mote nesse sentido é mesmo dado por Paulo Borges, o treinador da equipa. A AVfm acompanhou o Válega até Arrifana e recolheu declarações dos técnicos intervenientes, no fecho da partida:

Treinador CCR Válega | Paulo Borges
Treinador CD Arrifanense | Miguel Avelar

Antes de partir para os quartos-de-final, o Válega terá ainda um teste para fechar as contas do Grupo D, contra a Florgrade, no Sargaçal. Aconteça o que acontecer, a classificação já não se alterará e o Válega ficará no 2º. lugar deste grupo. Assim, e segundo o regulamento da Prova Final, o Válega sabe que jogará fora de portas nesta eliminatória de apenas um desafio.

À espera na próxima eliminatória estará o 1º classificado do Grupo C onde, para já, apenas Geração RD tem já passaporte garantido, ainda que sem o primeiro lugar confirmado. CR Antes e Mosteirô de Arouca anseiam ainda pela passagem.

O Válega-Florgrade, a contar para a 5ª jornada do Grupo D da Prova Final da 1ª Divisão da AF Aveiro, tem início marcado para as 17H00 do próximo domingo, dia 30 de Maio.

CD Arrifanense x CCR Válega
1ª Divisão AF Aveiro – Prova Final – Grupo D – 4ª Jornada
Resultado final: 1-1
Resultado ao intervalo: 0-1
Golos: Tiago Fragoso, Takeshi
MVP Rádio AVfm: Rodrigo Cabral

CD Arrifanense: Carlos França, Bruno Tavares, Takeshi, Riscas, Miguel Lima, Chiquinho, Daniel Maia, Diogo Almeida, Ruizinho, Henrique Pinho, Inverno ⓒ
Jogaram ainda: Junior Manjate, João Tavares, Marc Codina, Tiago Silva
Não utilizados: Carregosa, António Magalhães, Tiago Portela
Treinador: Miguel Avelar

CCR Válega: Rui Fragoso, Rodrigo Cabral, Roscas, Leandro Mendes, Guedes, Paivinha, Maurício, Armando, Rodrigo Soares, Gabi, Tiago Fragoso
Jogaram ainda: Pedro Santos, André Rendilheiro, Dário, Bernardo, Foka
Não utilizados: Alex Marques, Rui Faria
Treinador: Paulo Borges


Fotos: CD Arrifanense
Texto: Pedro Silva
Áudio: Jaime Valente
Reportagem: Pedro Silva

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