Futsal: Duas mãos cheias de motivos para a Ovarense virar atenções para o campeonato
Escrito por AVfm em 05/02/2019
Futsal é sinónimo de espetáculo. Seja num golaço do mágico Ricardinho sobre a Sérvia, seja num duelo entre dois vizinhos que disputam um campeonato regional. No entanto, há algo que se intensifica quando nos deparamos com uma modalidade decidida nos pequenos pormenores: a qualidade dos intervenientes.
Na realidade da Distrital de Aveiro, o fim-de-semana foi de primeira ronda da Taça de Futsal e o sorteio trouxe um adversário complicado ao reduto da AD Ovarense. O CD Cucujães, líder da 2ª Divisão, era um “Golias” perante um “David” alvinegro que jogava para a surpresa. A equipa vareira não tremeu na abordagem e encarou o desafio com o descomplexo de quem pouco tinha a perder.
Por isso, a bem composta bancada que se registou num serão de sábado à noite no Gimnodesportivo de Arada não ficou a chorar o preço do bilhete. Ainda assim, olhando aos adeptos vareiros, há quem possa ter vertido umas lágrimas pelo resultado. É que o Cucujães carimbou a passagem na Taça com uma goleada de… 10-1. Leram bem: dez a um.
O placard eletrónico era atualizado com frequência e os visitantes, principalmente na segunda parte (onde marcaram por 6 ocasiões), iam dilatando o marcador quase sempre que se acercavam a baliza da Ovarense. No entanto, a máxima descrita no começo deste texto teve um papel preponderante no desfecho do encontro. É que a diferença na qualidade dos intervenientes passou de pormenor a pormaior e esse dado favorável ao Cucujães nunca foi contrariado com sucesso pelos vareiros.
Pois, se a verdade dos números não o reflete, aquilo que se viu quadra foi uma partida com resultado incerto até bem perto do intervalo. E, no segundo tempo, mesmo quando a passagem para a Ovarense não era mais do que uma miragem, as várias chegadas com perigo à área do Cucujães foram suficientes para, pelo menos, marcar mais um ou dois golos que compusessem o marcador.
Certo é que apenas João Farinhas foi capaz de fazer o gosto ao pé, na altura apontando o 1-2 ao minuto 9. O ala aproveitou um ressalto numa tabela para aparecer no cara a cara com o guarda redes e carimbar um tento para a Ovarense que dava cor ao seu melhor período em todo o jogo.
O Cucujães, que até tinha marcado aos 6′ e 8′, estava agora em dificuldades perante a reação alvinegra. O empate esteve mesmo por um fio quando (novamente) João Farinhas trabalhou bem com Jorge Gomes e ganhou espaço para um tiro que foi parado por uma enorme mancha de Bruno Garcia, mais conhecido por “Show” no mundo do futsal. Nem de propósito, começava aqui o show de defesas do guardião cucujanense.
Sentindo o toque, os visitantes procederam a uma pausa técnica e recalibraram a sua tática, reentrando bem mais personalizados e empurrando a Ovarense para o seu reduto. Até ao descanso, o 1-3 e 1-4 surgiram com naturalidade, algo que estabilizou a turma de Oliveira de Azeméis.
A reação da Ovarense foi estóica, corajosa… e inefetiva. A etapa complementar trouxe inúmeras ocasiões para que os homens de Ovar marcassem mas, em todas elas, faltou alguma coisa. Ou o último passe não surgia, ou os remates revelavam carências técnicas, ou Bruno “Show” Garcia evidenciava-se.
Por um motivo ou outro, o ataque vareiro não funcionava e para piorar o cenário, do outro lado, o Cucujães esfregava a receita do sucesso na face dos defensores da casa. Com um futsal fluído e simples, o marcador cresceu para o 10-1 final e trouxe contornos de goleada das gordas à eliminação da Ovarense.
Uma eliminação que se fixa no topo dos registos negativos do jovem projeto do futsal concelhio. Nunca, até aqui, a Ovarense tinha sofrido uma derrota tão pesada: o desaire de 8-1 perante a Branca Activa, em Dezembro passado, era o líder desse recorde que ninguém quer ter.
Se olharmos à derrota da Ovarense frente ao Cucujães na primeira volta de campeonato (5-7), também nada fazia prever um desnível tão acentuado neste encontro de Taça. Porém, as circunstâncias do jogo proporcionaram números sem margem para dúvida e a chave – sem querer cair em repetitismos – foi mesmo o diferente futsal que flui nos pés dos executantes que pisaram o terreno.
Nada que apague o bom percurso feito pela Ovarense até ao momento. Esta é uma equipa que está em aprendizagem e que inicia um projeto que pode ser de sucesso. Para lá chegar, há que dar um passo de cada vez e nem duas mãos cheias de golos concedidos devem afetar esse percurso.
O objetivo da equipa passa por fazer uma segunda volta de campeonato tranquilo e isso, todos o comprovaram apesar da derrota na Taça, está ao alcance.
Pedro Silva foi o repórter da Rádio AVfm no Pavilhão Gimnodesportivo de Arada. Ouça as declarações dos técnicos da partida:
- AD Ovarense | João Silva (Coordenador Técnico):
- CD Cucujães | Nuno Azevedo:
FICHA DE JOGO | AD Ovarense x CD Cucujães | Taça de Aveiro – 1ª Eliminatória
AD Ovarense: Ricardo Oliveira (GR), Leonardo Bernardes, Ricardo Rodrigues, Renato Farraia, Jorge Gomes
Jogaram ainda: Rui Pereira (GR), André Oliveira, João Farinhas, Fábio Andrade, Rafael Sousa (C)
Treinador: Jorge Correia
CD Cucujães: Show, Tiago Correia, Flávio Silva, Tiago Lopes, André Costa
Jogaram ainda: Jorge Amorim (C), Diogo Cardoso, Artur Oliveira, Rafael Neto, Bruno Oliveira, Tiago Rodrigues
Suplentes não utilizados: Bruno Bernardo (GR)
Treinador: Nuno Azevedo
Resultado final: 1-10
Resultado ao intervalo: 1-4
Marcadores: Tiago Tavares, Jorge Amorim, João Farinhas, Tiago Lopes (3x), Flávio Silva, Tiago Rodrigues, Bruno Oliveira, André Costa, Rafael Neto
MVP Rádio AVfm: Bruno Garcia, “Show” (CD Cucujães)
Num jogo onde houve golos para todos os gostos e onde quase todos os jogadores do Cucujães conseguiram gritar para a sua contagem pessoal, há que dar o destaque ao homem da baliza. Bruno Garcia foi um guardião seguro e que, mesmo que muitas das suas melhores defesas tenham sido na segunda parte e quando o jogo já estava decidido, impediu que muitos remates da Ovarense chegassem a bom porto. Com algumas defesas de belo efeito, foi um último reduto quase intransponível e, por isso mesmo, trouxe a segurança necessária que permitiu uma goleada ao seu conjunto.
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