Tratamento inovador a “pés de lagosta” iniciado no Hospital de Ovar reconhecido internacionalmente
Escrito por AVfm em 19/06/2021
Os ortopedistas Arminda e Filipe Malheiro, do Hospital Dr. Francisco Zagalo de Ovar, viram o tratamento cirúrgico inovador que aplicaram numa utente diagnosticada com “pés de lagosta”, ser divulgado num artigo científico internacional – Journal of the Foot and Ankle (Vol. 15, N. 1, 2021, página 70).
A malformação é cientificamente denominada de ectrodactilia, sendo vulgarmente chamada de “pés ou mãos de lagosta”, já que relembra as pinças do animal. A deformação rara é caracterizada por um defeito que se estende desde o antepé até ao tarso, podendo afetar um ou mais raios centrais do pé. A correção cirúrgica deve ser tentada precocemente de forma a evitar futuras adaptações compensatórias do pé.
A utente intervencionada foi uma mulher adulta com calosidades dolorosas nos pés e dificuldade em calçar sapatos. Foi submetida ao tratamento cirúrgico num pé e, passado um ano de acompanhamento e se verificar o sucesso da primeira intervenção, já lhe foi proposto o tratamento do outro pé.
Estamos a falar de um tipo de problemas tratado em crianças e, neste caso particular, em idade adulta, não havia nada escrito na literatura científica.
destacou o Dr. Filipe Malheiro
O ortopedista Filipe Malheiro salientou ainda que não existe muito conhecimento sobre os procedimentos a ter em doentes adultos, bem como quanto à realização das intervenções internamente. Não há um consenso sobre o tratamento cirúrgico desta deformidade e, pela sua raridade, poucas publicações discutem os métodos adequados.
Na verdade, esta é apenas a segunda descrição de um tratamento cirúrgico de “pés de lagosta”, em idade adulta, sendo o primeiro em que foi utilizada fixação interna.
Ficámos muito orgulhosos de podermos contribuir para o conhecimento. De facto, nós inovámos na forma como tratámos o pé da paciente.
comentou a Dra. Arminda Malheiro
Os “pés/mãos de lagosta” é uma anomalia congénita do desenvolvimento embriológico muito rara (1:90.000) que afeta, predominantemente, o sexo masculino. Pode aparecer de várias formas, com uma probabilidade de 50% se um dos pais tiver a patologia. Na maioria das vezes acomete ambos os pés e eventualmente, pode afetar ambas as mãos.