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Chegou a ser distribuidor, virou oposto referência em Esmoriz: José Pedro em discurso direto

Escrito por em 12/11/2021

José Pedro Pinto, 24 anos, oposto do Esmoriz GC.

No panorama do voleibol nacional, não há quem não conheça as suas façanhas. Época após época, o jogador tem afirmado a sua qualidade, tornando-se numa referência da sua equipa e até da sua posição, dentro da Liga UNA.

Zé Pedro é um esmorizense de gema, formado desde tenra idade na Cidade Voleibol. Muitos descobriram as suas capacidades desde o escalão de Minis e, já na altura, não tinham dúvidas que podia chegar longe; outros não acreditavam que atingiria o patamar que atingiu. No entanto, quem sente o clube – e felizmente são muitos – e vêem o voleibol como o seu desporto rei, neste momento já não precisam de uma bola de cristal: todos vibram, deleitam-se e confiam no filho da casa para catapultar o Esmoriz GC para a ribalta.

As exibições deste arranque de temporada garantiram a Zé Pedro o título de Atleta do Mês de Outubro para a Rádio AVfm. Na hora de receber o prémio, em entrevista no programa “Passe de Letra”, o oposto encontra razões para o seu sucesso pessoal no trabalho, o dele e o dos seus colegas: «Jogo para a equipa, tento fazer o meu melhor e, fazendo-o, ajudo o meu clube e as distinções aparecem. A época que estamos a fazer vem muito do esforço que tivemos na pré-temporada e do facto de já nos conhecermos de anos anteriores. […] A equipa sente-se motivada e temos o objetivo de ganhar títulos para o Esmoriz.»

Com 8 jogos e outras tantas vitórias, o Esmoriz GC tem sido a sensação do campeonato e, para além de ser líder, está também invicto. O clube é um dos grandes do voleibol nacional e está, depois de alguns anos arredado desses lugares, a mostrar-se ao nível dos melhores.

Há 7 temporadas a jogar na equipa principal, Zé Pedro esteve em todos os patamares de crescimento deste novo Esmoriz. Um processo de etapas que, para o camisola 13, é algo que todos desejam dentro do clube: «Queremos voltar a ser o que éramos há uns anos atrás»

«Queremos ganhar os jogos todos. A conquista da Taça da Federação mostrou que, se deixarmos tudo dentro de campo, temos capacidade para vencer qualquer adversário.»

De facto, a conquista da Taça da Federação da temporada passada, contra o Sporting CP e em pleno Pavilhão João Rocha, foi o ponto alto da história recente do clube. Neste momento, o Esmoriz GC é assumidamente um dos crónicos candidatos ao topo da classificação e uma das formações que projeta o voleibol para níveis de interesse geral que, muitas vezes, nem são sinónimo desta modalidade.

«Pelo que temos feito nas últimas épocas nota-se que, cada vez mais, os jogadores querem vir para Esmoriz. Perdemos um ou outro elemento essencial, mas quem entrou está a dar conta do trabalho. […] A nossa bancada está sempre cheia de pessoas, o que também é bom para nós e para a modalidade.»

O arranque de 2021/22 tem superado todos os recordes do século XXI. No entanto, para continuar num caminho de vitórias tão engrandecedor, o Esmoriz tem mesmo de superar o Benfica, num duelo agendado para a próxima jornada da Liga UNA. Jogada na Barrinha, a partida promete ser intensa mas, quando confrontando com o que o espera, embora respeitando o atual campeão nacional, Zé Pedro mostra a ambição de quem quer surpreender.

«Só nos falta mesmo ganhar ao Benfica… pode ser que seja desta vez. Eles são o alvo a abater de todos os clubes e, a seguir a ganhar títulos, vencer o campeão nacional seria o maior feito que podíamos fazer.»

Acabado de ser feliz em plena Liga dos Campeões, o Benfica de Marcel Matz e de craques como André Lopes, Tiago Violas, Hugo Gaspar ou Ivo Casas vem a Esmoriz como favorito. Assim, e para se bater ao nível de uma formação que já não vence há vários anos, o Esmoriz terá de puxar dos galões e fazer valer todos os seus atributos – entre os quais, e como é óbvio, a vasta experiência do seu capitão

«Tenho aprendido muito com o Roberto Reis», começa por dizer Zé Pedro, que ainda acrescenta de forma jovial: «Também já tentei ensinar-lhe qualquer coisa… mas é difícil

«Ainda tenho de crescer bastante – na minha mentalidade e em vários aspetos do jogo. Estar perto de pessoas experientes como o Roberto Reis e o Everton Almeida ajuda-me a evoluir.»

Relativamente ao seu técnico, Bruno Lima, que o tem acompanhado ao longo dos vários anos em Esmoriz, Zé Pedro também deixa uma palavra de apreço, sublinhando a importância do treinador na sua ascensão. «Estou com o Prof. Bruno desde o escalão de Juniores, onde ganhamos um título. Ainda o apanhei como colega de equipa e acho que é um treinador muito bom: consegue manter sempre a calma, tem a capacidade de nos elogiar quando é preciso mas também de puxar por nós se for necessário.»

O melhor marcador do Esmoriz na Liga promete ainda mostrar muito com a camisola que enverga desde pequeno. Na verdade, desde muito pequeno mesmo: «Eu era baixinho e até cheguei a ser distribuidor, no escalão de Iniciados. Mas houve um verão em que cresci 20 centímetros e, a partir daí, o meu treinador decidiu colocar-me a oposto. Desde então, tem sido a minha posição.»

Inspirado em nomes como João José, Roberto Reis, Tiago Violas, André Lopes e, na sua posição, o italiano Ivan Zaytsev, Zé Pedro é mais um exemplo de que a chamada “Universidade do Voleibol” continua a formar atletas de excelência e a ser uma escola de valores que vão muito para lá do desporto.

Escusado será dizer que, tal como ele viu nos craques da sua adolescência modelos onde se inspirou, hoje ele próprio inspira muitos dos que estão a começar na cantera esmorizense.

Por isso, dizemos nós, quem sabe o que o futuro reserva. Talvez um desses pequenos craques – os que mal passam as unhas da rede – tenha a ajuda de um verão que o veja dar um pulo e, daqui a uns anos, possa ser colega de um Zé Pedro mais veterano, pronto a passar a mística do que é ser Esmoriz para um jovem ansioso por beber informação do seu ídolo.

Convidamo-lo a ver e ouvir toda a entrevista a José Pedro Pinto, conduzida por Helder Ferreira, no “Passe de Letra” do passado domingo.


Imagem: N9 Photos
Texto: Pedro Silva


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