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Guilherme Terra reúne memórias coletivas únicas na Exposição “Reis do Carnaval de Ovar”

Escrito por em 14/02/2022

Ao final da tarde de ontem, 13 de fevereiro, foi inaugurada a exposição “Reis do Carnaval de Ovar”, patente na galeria do Centro de Arte de Ovar (CAO). A data escolhida coincidiu, simbolicamente, com o dia em que se teria realizado o tradicional desfile da Chegada do Rei, não fosse a Covid-19 ter impedido por mais um ano os tradicionais festejos do Carnaval de Ovar.

Perto da hora a que seria proferido o discurso real nos Paços do Concelho, para uma Praça da República repleta de foliões, o auditório, bem preenchido, acolheu a apresentação da exposição, numa tarde em que até a chuva fez questão de dizer presente. Promovida pelo seu curador, o vareiro Guilherme Terra, reconhecido profissional do audiovisual e amante das tradições da sua terra, esteve a seu cargo a difícil tarefa de reunir, organizar e apresentar os conteúdos da mesma. O seu interesse pela temática do Carnaval de Ovar, a par da generosidade de terceiros, que lhe confiaram registos fotográficos, memórias e bens, resultaram numa mostra diversificada, que permite uma viagem pelo passado, brindando-nos com memórias, algumas das quais que sabíamos ter.

Durante a cerimónia de inauguração foi possível ver em grande formato dois pequenos filmes originais, com registos (muito) antigos, que fazem parte da exposição, podendo aí ser apreciados em exclusivo. O mais surpreendente mostra-nos a intensidade com que se viveu o Carnaval Sujo. Remonta a 1953, sendo da autoria de Mário Almeida.

Com o primeiro desfile de Carnaval a acontecer em 1952, a Vitamina da Alegria já teve 28 Reis a ocupar o trono, ao longo de quase 7 décadas de tradição e folia. A exposição reúne fotografias, imagens, ilustrações, vídeos, documentos e até objetos, concretizando uma justa homenagem a todos os Reis e Rainhas do Carnaval de Ovar, muitos dos quais não quiseram deixar de marcar presença no momento.

A intervenção inicial foi de Guilherme Terra, curador da exposição:

Guilherme Terra | Curador da Exposição

Quando se apercebeu, em 2021, que não se iriam concretizar os festejos carnavalescos devido às condicionantes da pandemia, Guilherme Terra ponderou realizar a exposição, projeto que foi bem acolhido pela autarquia, tal como já havia acontecido anteriormente. O novo cancelamento deste ano, acabou por criar a oportunidade ideal para a sua apresentação.


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Com tanto que poderia ser apresentado sobre o Carnaval de Ovar, Guilherme Terra entendeu que seria importante destacar a temática dos Reis do Carnaval, dada a sua forma de seleção ser característica e continuar a respeitar as tradições. Em Ovar, os cargos de Rei e Rainha do Carnaval continuam a ser ocupados por pessoas que nasceram ou optaram por viver no concelho, trocando-se a tentação de trazer alguém de fora para almejar notoriedade pelo nobre agradecimento do contributo dado à comunidade no passado e no presente.

Relembrando que a exposição não tem nenhum conteúdo de sua autoria, o curador agradeceu a todos os que contribuíram para que a mesma se tornasse realidade, confiando-lhe os seus registos e testemunhos ao longo dos anos. Recorde-se que Guilherme Terra é o mentor do projeto Ovar Memórias, um museu virtual de recordações de Ovar, assente na partilha de conteúdos.

Salvador Malheiro | Presidente da CMO

Seguiu-se uma breve intervenção de Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar (CMO).

Começou por dirigir uma palavra de agradecimento a Guilherme Terra pela iniciativa de reunir esta exposição riquíssima, proporcionando um momento de contacto com o Carnaval, numa altura em que as preparações e festejos já seriam bem visíveis pelo concelho.

Sugeriu que o momento, que outrora seria de folia, seja também de reflexão e reconhecimento “dos nossos melhores”. É nessa perspetiva que “Reis do Carnaval de Ovar” integra a programação da autarquia para as comemorações do Carnaval de 2022.

Guilherme Terra | Curador da Exposição

Antes da projeção da curta metragem “Carnaval Sujo – 1953”, Guilherme Terra fez questão de partilhar com os presentes algumas curiosidades sobre a sua origem e de como chegou até ela.

Desde 1990 que o curador tinha conhecimento da existência de registos audiovisuais de Mário Almeida, um dos primeiros videógrafos do concelho, particularmente com a captura para a posteridade da peculiar tradição do Carnaval Sujo. Ao fim de trinta anos, quase por acaso, descobriu que essas fitas tinham sido doadas à Cinemateca Portuguesa. Com a autorização expressa de uma neta do saudoso Mário Almeida, tornou-se possível apresentar as imagens durante a exposição.

Para além do registo das intervenções de Guilherme Terra e de Salvador Malheiro, que podem ser acedidas clicando nos player’s respetivos, deixamos alguns instantâneos fotográficos, captados pela lente de Paulo Homem de Melo:

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A exposição está patente na galeria do CAO até ao próximo dia 5 de março, atravessando o habitual período dos festejos carnavalescos. Nos dias úteis, pode ser visitada entre as 9h00 e as 18h00. Aos sábados, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

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Fotos: Paulo Homem de Melo
Áudio: Jaime Valente
Texto: Irina Silva

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