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Magolo: o Engenheiro Informático que teve em Kaká o primeiro ídolo e que em Ovar vive «experiências para a vida»

Escrito por em 07/10/2021

Foi eleito Atleta do Mês para a Rádio AVfm e tem sido um dos elementos chave na espinha dorsal da Ovarense versão 2021/22. Luís Magolo é Central com C maiúsculo e, no concelho de Ovar, tem vivido os melhores anos da sua carreira enquanto senior: primeiro no S. Vicente Pereira e, desde esta época, no trio de centrais lançados por Tiago Leite semana sim, semana sim.

Setembro trouxe-lhe 4 titularidades, 377 minutos, um golo marcado e dois jogos onde ajudou a equipa a manter a baliza inviolada. O jogador de 25 anos não esconde a felicidade pela boa forma e revela que o segredo para que esta tenha surgido tão depressa passa pelo «trabalho afincado de uma equipa que o ajuda a evoluir

«Quando entro para jogar tento dar sempre o melhor de mim e, num clube como a Ovarense, ainda mais. A exigência aqui é bastante grande, os adeptos e a equipa técnica a fazem-nos sentir uma pressão positiva. Isso só nos ajuda a crescer e faz-nos melhores a cada dia que passa.»

A experiência com a cruz vermelha ao peito ainda vai curta, mas Magolo já confessa que representa um «clube fantástico» e que sabia «que era grande, mas não tão grande.» O exemplo perfeito disso terá sido o desafio do passado fim-de-semana, em Santa Maria de Lamas, onde a Ovarense até saiu derrotada pelo União de Lamas mas não por falta de um apoio constante dos seus adeptos.

«No domingo [jogo contra o U. Lamas] vivi experiências que, provavelmente, nunca mais vou viver no resto da minha vida. Em muitos clubes profissionais não se passa por isto: na Ovarense tenho tido momentos incríveis e este foi mais um. Perdemos o jogo e mesmo assim sentimos os adeptos do nosso lado, pois eles perceberam a nossa entrega.»

Com experiência no S. Vicente Pereira, S. João de Ver, Feirense, Boavista, FC Porto e outros, Magolo tem já um currículo assinalável e uma formação de excelência. Ainda assim, e apesar de ainda ter muitos anos de futebol pela frente, deixa claro que «não vai chegar longe» e que «aprendeu com os erros da vida.»

«Quando estava no Feirense, tinha o sonho de ser médico, mas estava com sorte no futebol e foi na altura em que comecei a tornar-me mais profissional e a focar-me nisso. Faltei a muitas aulas, o que fez com que as minhas notas descessem, com que perdesse a oportunidade de seguir o que queria e até de entrar na universidade que queria – bati no fundo.»

«Sou engenheiro informático, passo o dia inteiro dentro de um escritório. Por isso, o futebol para mim é uma motivação extra, que tento aproveitar ao máximo, sendo sempre grato pelas experiências que já vivi neste desporto.»

«Neste momento tenho a sorte de estar numa área que é fantástica, onde oportunidades de trabalho não faltam. Tenho o sonho de trabalhar no estrangeiro, na Irlanda ou no Reino Unido, e vou iniciar um mestrado em Ciência de Dados.»

O desejo antigo de ser um jogador profissional esfumou-se para que uma realidade de estabilidade se instalasse. Algo que não impede um apaixonado pelo futebol de aproveitar cada momento, ainda que o percurso seja diferente daquele que idealizou na formação.

«Tenho noção que o futebol é passageiro e por isso é que, neste momento, estou na melhor fase da minha carreira. Atualmente desfruto muito mais do que o fazia quando era mais novo, quando levava as coisas muito mais a sério.»

A realidade atual chama-se Ovarense e a campanha na Zona Norte do Campeonato SABSEG dos alvinegros promete ter ainda muitos capítulos de afirmação positiva. Magolo faz parte desse processo, mas confessa que alinhar com as ideias da equipa não foi tão fácil como parece, neste momento, quando se exibe em campo.

«No começo senti-me confuso no sistema de 3 defesas. Mas, na verdade, não muda nada no contexto do futebol: as dinâmicas continuam a ser as mesmas, apenas temos um homem a mais, o que de certa forma ajuda a proteger a equipa.»

«Já joguei nas 3 posições da defesa – centro, esquerda e direita – e tenho gostado bastante. Tento sempre trabalhar o melhor de mim e aumentar as minhas qualidades, o que dentro do regime de treino de um clube de distrital é difícil, mas é possível.»

Ser melhor diariamente passa também pelo entendimento do jogo, algo que Magolo sublinha ser obrigatório para a sua posição em campo. «Eu adoro perceber de futebol e entender todas as dinâmicas, incluíndo as dos meus colegas. Como central, tenho a obrigação de os ajudar porque estou a ver o jogo a partir de trás e tenho outra perspetiva. A inteligência dentro do campo é fulcral.»

«Defino-me como um central que gosta de jogar no meio-campo e a lateral. Até costumo dizer que a posição que puxa mais por todas as minhas capacidades é a do meio-campo, aquela em que provavelmente jogo melhor é a de lateral direito, mas que a minha posição de raíz é a de defesa central.»

Declarações de uma polivalência inesperada, mas só para quem nunca viu em in loco. A verdade é que Magolo tem atuado apenas como central na Ovarense, mas já mostrou dotes de excelente médio (lembras-te, S. Vicente Pereira?) e até de lateral direito nos tempos do S. João de Ver. A inspiração para terrenos onde é preciso ser bom de bola… bem, essa vem de referências de renome e perdura desde tenra idade.

«O meu primeiro ídolo foi o Kaká e até o meu pai dizia “tens de ser como este jogador, humilde.” Já na altura do FC Porto, tornei-me obcecado com o Ronaldo: tinha chuteiras dele, tiques dele, marcava livres como ele e até já festejei golos como ele. Neste momento, o jogador que mais admiro é o Kevin de Bruyne.»

«Como referência para a minha posição, sempre gostei muito do Maldini. Atualmente, gosto muito do Pepe (e não é só por ser portista), mas também gosto do Rúben Dias – até tive oportunidade jogar contra ele – e do Van Dijk.»

Já teve como adversário Rúben Dias, hoje a realidade é outra: agora só pensa em defrontar o Cucujães. Magolo alinha no discurso da estrutura da Ovarense, deixando claro que o sucesso no SABSEG se fará «jogo a jogo» e lembrando que, a Sul, «há duas equipas ainda invictas, Oliveira do Bairro e Beira-Mar.»

«A Zona Norte é extremamente competitiva e, embora a nossa equipa esteja no lote das candidatas, temos de olhar sempre para o próximo jogo – só assim é que vamos somar pontos para chegar bem ao final da época. Vivemos o presente e, domingo, temos já um jogo muito difícil contra o Cucujães, onde a nossa obrigação é ganhar.»

O Ovarense-Cucujães do próximo domingo terá relato em direto na Rádio AVfm e o mais certo é que a sintonia dos 98.7 FM continue a gritar a plenos pulmões o que de bom Magolo tem feito pelos vareiros. O MVP de Setembro no concelho de Ovar ainda agora começou a dar os primeiros passos perante a bancada do Marques da Silva, mas a qualidade com que se exibe já não deixa ninguém indiferente.

Será o melhor Engenheiro Informático que já jogou pela Ovarense? Nós arriscamos afirmando que sim… e nem precisamos de recorrer a um binário de 0 e 1 para justificar a resposta.

Pode ver e ouvir toda a entrevista de Luís Magolo, concedida ao repórter Pedro Silva na primeira metade no programa “Passe de Letra” do domingo passado:


Imagem: Direitos Reservados
Texto: Pedro Silva



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