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“Morte ao Silêncio”, ou como Válega tornou possível um festival de Punk Rock onde também se bebeu vinho americano!

Escrito por em 10/09/2022

Nos dias 2 e 3 de Setembro, Válega, a freguesia mais a sul do concelho de Ovar, uma das mais rurais, recebeu a edição de estreia do Festival Morte Ao Silêncio, com uma organização amadora e inteiramente dedicada aos estilos musicais Punk Rock.

O evento acabou por corresponder às melhores expetativas dos organizadores, que nos haviam confidenciado ter a meta de 300 festivaleiros como um objetivo positivo mas difícil de alcançar. Assim, viveram-se dois dias com muita animação, alguns exageros, inúmeros reencontros e muita música a ser debitada, independentemente do calor que se fizesse sentir.

No geral, o balanço foi francamente positivo, com a comunidade surpreendida com o respeito dos visitantes, os estabelecimentos comerciais locais satisfeitos pela escolha dos campistas, os festivaleiros felizes pelos momentos bem passados e os músicos contentes com a qualidade do evento.

Muito se especulou sobre a iniciativa, sobretudo quanto ao tipo de público que iria atrair e ao seu comportamento, muito pela opção estética menos habitual de alguns e em parte pelos ritmos agressivos que a aparelhagem começou a debitar logo ao meio da tarde…

No final, Morte Ao Silêncio foi (também) uma experiência social, com os raver’s a provar aquilo que já se esperava deles; um comportamento exemplar, sem estragos nem desacatos, mostrando preocupação com o espaço usufruído. “Cada um na sua”, exemplos como apanhar o cocó do cão no jardim da vila ou zelar para que o recinto do Festival ficasse sem qualquer vestígio da sua passagem por ali, irão perdurar no tempo e nas memórias de muitos.

Como media partner, a Rádio AVfm esteve presente no Morte ao Silêncio, onde aproveitou para fazer alguns registos, recolher testemunhos e, claro, viver um pouco da festa:

Raul Teixeira | Presidente da Junta da Freguesia de Válega

Admitindo que o evento possa ser fora do comum, Raul Teixeira entende que haja um mercado para ele e que é uma boa iniciativa promover uma oferta cultural para os amantes do Punk Rock. Sublinhou a complexidade da organização, com um grupo de entusiastas, a maioria valeguenses, a proporcionar boas condições de convívio, restauração, descanso e higiene, entre outros pontos.

Raul Teixeira explicou que a Quinta do Cruzeiro, contígua às instalações da Associação dos Emigrantes, foi o local escolhido pelas vantagens que apresentava com a delimitação natural do espaço e um melhor aproveitamento da área, a par da proximidade do centro da vila e de serviços, como o comércio tradicional. Desejou que o evento cresça e que, por bons motivos, o espaço se torne pequeno em poucos anos.

O horário da “barulheira” foi pensado de forma a agradar aos festivaleiros e, simultaneamente, a não importunar o descanso dos residentes, com os concertos a acontecer entre o início da tarde e a meia-noite, nos dois dias do Morte Ao Silêncio.

O Presidente da Junta considerou que o evento fechou a temporada de verão das festividades de Válega e reconheceu o trabalho de todos os envolvidos ao longo da época, de grupos de amigos às muitas coletividades locais, tendo mostrado aos visitantes o melhor da freguesia valeguense, criando-lhes memórias e a vontade de regressar no futuro.

Armando Valente | Presidente da Direção da
Associação dos Emigrantes de Santa Maria de Válega

Armando Valente, em nome pessoal e da instituição que representa, acolheu bem a iniciativa, prontificando-se a ajudar e a contribuir para que os festivaleiros fossem bem recebidos e tivessem uma ótima estadia, de forma a que agora partilhem as boas experiências, incluindo a localidade onde estiveram.

Confessando não se identificar com o estilo de música, Armando Valente afirmou tratar-se de um público fantástico e bem-educado, exemplificando ter ficado surpreendido por, na manhã do segundo dia de Morte Ao Silêncio, não encontrar lixo no chão, graças ao bom-senso e cuidado por parte dos participantes. Constatou ainda que o evento foi positivo para o comércio local, uma vez que os forasteiros, sobretudo os campistas, recorreram aos negócios na proximidade para se abastecer.

Na perspetiva de um emigrante, Armando Valente valoriza uma boa receção e de tudo fez para que os aderentes ao festival se sentissem em casa. O Presidente da Associação dos Emigrantes assumiu ainda estar disponível para apoiar a próxima edição do Morte Ao Silêncio.

Mansour Anne | Organização do Morte Ao Silêncio

Mansour Anne afirmou estar satisfeito com o decorrer do evento, adiantando que as entradas rondaram os 300 festivaleiros. Mostrou-se grato com a Associação dos Emigrantes de Santa Maria de Válega, na pessoa de Armando Valente, afirmando que a ajuda prestada foi fundamental para o sucesso e boa dinâmica da primeira edição de Morte Ao Silêncio.

Partilhou que as bandas convidadas ficaram felizes com as boas condições do festival, desde o recinto às questões técnicas, a par da calorosa receção por parte dos locais. Considerou que a comunidade valeguense se mostrou curiosa, com mente suficientemente aberta e que acabou contente com o respeito demonstrado pelos forasteiros, desde a sua boa-educação ao cuidado revelado com o património da vila.

Partilhou que, se conseguisse, haveria Morte Ao Silêncio todos os dias e, em nome da organização, mostrou-se com a energia necessária para preparar a próxima edição, limando arestas e consolidando aquele que se afirmou como o único festival de música inteiramente dedicado ao Punk Rock em Portugal!

Além das intervenções, que podem ser ouvidas clicando nos respetivos players, reveja alguns momentos do Morte ao Silêncio:

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Reveja também algumas prestações do segundo dia do evento:

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Áudio: Jaime Valente
Vídeos: Jaime Valente
Fotos: António Dias
Texto: Irina Silva

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