Mi-Fá-Dó-Sol | 13 Jun 2024
Carlos Reis e Dino Marques 13/06/2024
Emissão: 13 de Junho 2024
Descrição: Programa inteiramente dedicado ao Fado. Realizado por intérpretes do género musical, Mi-Fá-Dó-Sol foca-se na divulgação de artistas e eventos, sem deixar de lado a história e as curiosidades de tão importante património português!
Destaque: Fado, música do mundo
Um xaile, uma guitarra portuguesa, uma voz e muito sentimento. Símbolo reconhecido de Portugal, esta simples imagem pode descrever o Fado, uma música do mundo que é portuguesa.
Na sua essência, canta o sentimento, os desgostos de amor, a saudade de alguém que partiu, o quotidiano e as conquistas. Afinal, os encontros e desencontros da vida são um tema infinito de inspiração.
Dizem que o fado é o fado, que vem de dentro da alma portuguesa e não há divisões a fazer. Mesmo assim, há quem arrisque a distinguir entre profissional e amador. O primeiro é cantado por quem faz da voz a sua forma de vida. O segundo, também conhecido como vadio, tem outras características, embora a natureza saudosista seja a mesma. A reaparecer nos bairros populares de Lisboa, o fadista nunca é convidado… convida-se a si próprio e não tem repertório estabelecido. Em Coimbra, o fado tem caraterísticas particulares e é cantado pelos estudantes.
Em 2011, o Fado enquanto canção urbana de Lisboa, símbolo identitário da cidade e do país, foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
Para saber todos os pormenores, o melhor é visitarmos o Museu do Fado, situado em Alfama, um dos bairros históricos de Lisboa. A partir de um vasto espólio, fruto de centenas de doações, podemos conhecer a história do fado desde o primeiro quartel do século XIX até à atualidade.
Também em Lisboa, perto da Madragoa, fica a Casa onde Amália viveu, hoje transformada em museu. Foi a mais carismática das fadistas e quem internacionalizou o fado levando-o às grandes salas europeias. Com grande presença em cena e natural noção do espetáculo, a ela devemos a imagem do clássico vestido preto com xaile.
Fado – Matriz para uma (nova) Política Cultural Externa. Uma Estratégia Cultural ao serviço de Portugal «Quem vê o Fado como coisa do passado, Não entende que este Fado É o agora do futuro». Dotado de um sentido de perfeição e de uma paz temível, tranquiliza qualquer pessoa e suaviza qualquer desgosto.
Numa abordagem à questão da política cultural externa portuguesa, centrando-se no período entre o Estado Novo até aos nossos dias, e a necessidade expressa de edificar uma estratégia cultural forte e visível. Para tal, apontamos o fado como possível matriz desta (re)nova(da) estratégia.
O fado que é presença nas artes, nas manifestações e produções culturais, sobretudo, ao longo do último século. O fado que, enquanto produto cultural genuíno e internacionalizado, transporta e difunde consigo a língua portuguesa, o particular jeito de ser português e parte da cultura que nos identifica. E que é símbolo e representa a presença de Portugal no Mundo. É certo que a empatia ou a identificação com o produto depende do público recetor – dos gostos, dos intelectos, do sentir, da alma – mas é inegável que o fado leva o ouvinte a querer compreender, a querer conhecer Portugal, o ser português.
Apesar de não existirem dados concretos nem um estudo aprofundado, é legível, pelos inúmeros testemunhos e confissões captadas, que muitos cidadãos do mundo querem aprender o português porque já ouviram cantar o fado. No contexto de permanente crise, financeiramente agravada nestes últimos anos, o Fado também faz parte de uma Estratégia Cultural ao serviço de Portugal equaciona a cultura enquanto via possível para uma solução estrategicamente ganhadora ou, pelo menos, elemento-chave, desta alternativa. Uma chave criativa para a fuga ao panorama de constrangimento e restrição económica, assim como, de empreendedorismo fatalista.
Equacionamos o fado como matriz potenciadora dessa mesma possível solução cultural. Porque investir na cultura não é desperdiçar fundos, mas repensar uma estrutura social, institucional, educacional e de investimento consideramos que hoje, Portugal precisa de deixar a neblina. É agora que Portugal precisa de arriscar e cumprir-se enquanto país!
O Fado faz parte de uma Estratégia Cultural ao serviço de Portugal, objeto de estudo e operacionalização de conceitos-chave pensar que outrora estivemos longe do território onde agora estamos confinados, que conquistámos terras, povos e culturas…pensar que estas conquistas nos elevaram enquanto país, pátria, império… Hoje Portugal ainda chora os que partiram! Hoje Portugal ainda relembra o sonho do V Império nunca alcançado e que tarda em edificar, pela demorada chegada de D. Sebastião!
Esquecemo-nos que, para lá do que descobrimos, daquilo que territorial e materialmente já não nos pertence, existe uma cultura, uma alma, uma expressão portuguesa repartida, difundida em todos e cada um dos pontos do vasto roteiro quinhentista. Subsiste uma cultura portuguesa! Algo que nos pertence, nos diferencia e nos torna mais nós. Mas o que é a “cultura”? É a «ação de cultivar a terra; o produto do cultivo da terra; o conjunto das técnicas necessárias para obter dos solo produtos vegetais para consumo.»
Playlist:
Tony de Matos – Rosinha dos limões
João Braga – Olhos da cor do mar
Carlos Zel – Fado Pechincha
Filomeno Silva – Dizem Que Deus Fez a Noite
Lucília Do Carmo – Não Digas a Ninguém
Beatriz da Conceição – Mini Fado
Celeste Rodrigues – Velhas Sombras
Fernando Farinha – Chico do Cachené
Manuel Delindro – Mar encaplado
Francisco Martinho – Vida Vivida
Júlia Silva – Búzios
Berta Cardoso – Não vou contigo
Alves Coelho – A saudade aconteceu
Tristão Da Silva – Sinal da Cruz
Amália Rodrigues – Cansaço
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Publicação: Irina Silva
Foto(s): Direitos reservados