Rei do Carnaval de Ovar restituiu o Tridente ao Deus dos Mares
Escrito por AVfm em 22/02/2025
O Neptuno voltou a envergar o seu Tridente, após El-Rei D. António “O Chibado”, ter prometido, no seu discurso real, a restituição do mesmo à escultura no topo do Chafariz. Dando o corpo ao manifesto, foi o próprio Rei do Carnaval de Ovar a restituir, ao Deus dos Mares, o seu elemento mais poderoso.
Em comunicado, a Câmara Municipal de Ovar esclarece o desaparecimento do tridente, que chegou a julgar-se perdido.
“Brincadeiras à parte, vamos aos factos”. No mês de março de 2024, foi sinalizada a queda do tridente da imagem do Neptuno, em pedra de Ançã, tendo provocado a quebra de dois dedos da mão direita, que o sustentava. O tridente, em ferro forjado, foi imediatamente recolhido pelos serviços municipais e foi realizada uma réplica metálica, com peso, resistência e sistema de fixação mais adequados ao atual estado de conservação da escultura. O novo tridente é uma obra assinada pelo artesão José Correia e o original encontra-se em depósito na Câmara Municipal de Ovar.
Em paralelo, a autarquia realizou uma análise ao estado de conservação do monumento e adianta que está a preparar uma proposta de intervenção de conservação e restauro do conjunto do chafariz, por técnicos da especialidade, que permita a resolução de inúmeros problemas estruturais e que devolva toda a sua integridade e configuração original.
O presidente da Câmara Municipal de Ovar, Domingos Silva, adianta que o projeto está a ser elaborado, de forma a “garantir uma intervenção rigorosa de preservação e valorização deste importante património histórico, arquitetónico e artístico no centro da Cidade de Ovar”.

O Neptuno é um dos ex-líbris de Ovar. O imponente Chafariz foi inaugurado em 1877, destacando-se pela sua grandiosidade e centralidade. Para além da sua missão de abastecimento de água à população, fundamental à época, pretendia embelezar a cidade e contribuir para a sua reconfiguração urbanística.
Tendo em conta a importância histórica da Arte Xávega no concelho e a proximidade com o mar, Neptuno, o Deus romano da água, fez, desde logo, parte do imaginário vareiro, assumindo-se como patrono dos pescadores e dos barqueiros. É também um patrono do Carnaval de Ovar, já que a figura mítica é também uma espécie de talismã da festa vareira, sendo presença assídua nos cartazes, temas, trajes e carros alegóricos, assim como imagem icónica de Ovar.