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S. Vicente cai em Lamas na despedida de Miguel Ribeiro

Escrito por em 24/10/2020

A ARC S. Vicente Pereira continua sem apanhar o comboio dos bons resultados. A última paragem deu-se na cidade de Santa Maria de Lamas, no Estádio Comendador Henrique Amorim, mais um palco onde os Corvos foram impotentes para travar uma série que já vai em 3 derrotas consecutivas.

Os homens da casa, o CF União de Lamas, regressado de uma paragem forçada devido a casos positivos de COVID-19 e preenchendo a sua convocatória com jovens juniores e um onze remendado, venceram o S. Vicente por 2-0 e, embora tenham sentido algumas dificuldades no segundo tempo – boa entrada do S. Vicente e alguma quebra física dos Unionistas na parte final do encontro – triunfaram de forma justa e até com o resultado mais expressivo de toda a temporada, continuando invictos na Zona Norte do Campeonato SABSEG.

Como consequência de mais um desaire, a direção do S. Vicente Pereira anunciou a rescisão de contrato com Miguel Ribeiro e a sua equipa técnica. O treinador, que substituiu Adriano Machado em Março (antes da paragem forçada pela pandemia) esteve apenas 7 jogos ao comando dos vicentinos e conseguiu apenas uma vitória (2-1 sobre o SC Esmoriz a 27 de Setembro), 3 empates e 3 derrotas, vendo a sua equipa marcar 8 golos e sofrer 16 durante o seu reinado.

Reinado esse que foi curto, mas prometeu voos bem maiores. A verdade é que o plantel atual do S. Vicente Pereira é um dos melhores da Zona Norte da elite aveirense e, entre o deve e o haver, tem obrigação de lutar pelos 4 lugares de acesso à fase de subida aos nacionais.

A entrada de jogadores como Rúben Gomes (ex-S. João de Ver), Vitinha (ex-U. de Lamas) Tiago Martini (ex-S. João de Ver), Juninho (ex-Sanjoanense), Emmanuel Anih (ex-Feirense S23) e João Carvalho (ex-Canedo) acrescentaram muito a um elenco que, excluindo o eterno capitão Manu e Tiago Charneca, não perdeu nenhum dos seus elementos basilares da época transata.

No entanto, mesmo com tantas opções à disposição, nunca se viu um S. Vicente Pereira com um onze base delineado desde a primeira jornada. Em 6 jogos disputados, apenas Vitinha, Martini e Juninho foram sempre titulares. Os restantes, seja por lesão, expulsão ou opção técnica, foram aparecendo a espaços dentro do terreno de jogo. Para alguns é o fruto da qualidade de uma equipa como o S. Vicente onde todos os atletas dão garantias; para outros é a prova do desnorte com que esta equipa entrou no campeonato, tentando semana após semana corrigir erros da jornada anterior.

As mudanças na defesa, em particular, foram demasiadas (quem não se lembra de Diogo Sousa a jogar como central contra o Paços de Brandão?) e os golos, esses, continuaram a entrar na baliza de Paulinho e Bruno Maia.

O S. Vicente Pereira é atualmente a pior defesa de todo o SABSEG, com 13 golos concedidos – mesmo na Zona Sul, só o Avanca tem um score tão negativo. Os Corvos sofreram em todos os jogos que disputaram e, embora lhes fosse reconhecida uma veia goleadora assinalável, até esses números animadores se desvaneceram nas duas últimas partidas.

No último desafio dentro de portas, contra o Alvarenga, a derrota pesada de 3-0 foi toda construída na primeira parte pelos arouquenses. Já no passado domingo, na visita a Lamas, os golos que originaram o 2-0 para o União surgiram bem cedo na primeira e segunda parte, sempre com os mesmos protagonistas (Belinha na assistência e Vando a faturar) e sempre de bola parada.

Cingindo-nos ao desafio no Comendador Henrique Amorim, não se pode dizer que o S. Vicente não teve chances de colocar o seu nome no marcador. Que o diga Zé Bastos que, no regresso à titularidade após lesão, teve uma oportunidade de ouro ao minuto 23, quando correspondeu a um cruzamento de Vitinha com um pontapé à meia volta e viu João Diogo negar-lhe o golo com uma grande defesa.

Porém, como já foi adiantado anteriormente, o melhor período dos homens de Ovar na partida deu-se no começo da etapa complementar. Os primeiros 10 minutos do segundo período trouxeram um S. Vicente acutilante, a ganhar muitas faltas junto da grande área adversária e a cheirar o golo do empate.

Foi o próprio Luís Miguel, técnico dos unionistas, a admitir aos microfones da Rádio AVfm que o segundo golo (aos 55’) do seu Lamas surgiu na melhor fase do S. Vicente em todo o jogo. Certo é que após o bis de Vando, até foram os da casa que estiveram mais perto do 3-0 do que o S. Vicente de reduzir o placard. O jovem Rafael Ramalho, de apenas 19 anos, conseguiu colocar a cabeça em água aos defensores vicentinos e foi por muito pouco que não fez o gosto ao pé nessa fase do encontro, por duas ocasiões.

Do outro lado da barricada, Miguel Ribeiro mudou o xadrez tático para um arrojado 3-5-2, chamando a jogo, de uma assentada, Pikas, Diogo Barros e Fredinho para os lugares de Vitinha, Dabo e Pacheco. O S. Vicente continuou sem se encontrar e foi só com a entrada do brasileiro João Paulo e com alguma quebra física do União de Lamas que finalmente voltou a ameaçar a baliza dos da casa na parte final do encontro.

Em declarações à AVfm, os dois treinadores analisaram a partida. Miguel Ribeiro afirmou não sentir qualquer pressão pelos resultados recentes e prometeu trabalho para dar a volta à crise de resultados. Algo que já não poderá acontecer com o antigo técnico de Argoncilhe, Oliveirense e Carregosense ao comando dos vicentinos devido à sua saída prematura.

Ouça as entrevistas:

Miguel Ribeiro | Treinador ARC S. Vicente Pereira
Luís Miguel | Treinador CF União de Lamas

Aproveitando a sua folga no campeonato para refazer as ideias durante duas semanas, o S. Vicente Pereira aponta agora baterias para uma nova vida no SABSEG… e com um novo homem do leme.

Paulo Gomes, ele que fez história no CCR Válega levando os do Sargaçal à 1ª Divisão Distrital, é apontado como o treinador que se segue no Estádio Dr. Oliveira Santos. As boas relações entre o técnico de 39 anos e a direção dos Corvos são bem conhecidas e a Rádio AVfm sabe que, em Março passado, após a saída de Adriano Machado, Paulo Gomes já fora convidado para assumir as rédeas dos seniores vicentinos, recusando na altura.

O Válega já anunciou a saída de Paulo Gomes do seu comando técnico, agradecendo ao mister todo o trabalho desenvolvido. Por isso, falta apenas a oficialização por parte do S. Vicente, algo que poderá estar por horas.

Dentro de campo, Paulo Gomes estrear-se-á apenas a 31 de Outubro, em casa e perante a turma do Carregosense. Mas mais importante do que pensar na estreia, Paulo Gomes terá de encontrar uma fórmula para motivar um balneário do S. Vicente que, neste momento, para além de descontente, estará desacreditado com os objetivos da equipa.



Fotos: Direitos Reservados
Texto: Pedro Silva
Áudio: Jaime Valente
Reportagem: Pedro Silva



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