Temperaturas médias da Península Ibérica vão aumentar 2 ou 3°C por ano
Escrito por AVfm em 21/11/2020
As temperaturas médias em Portugal e Espanha vão aumentar de forma preocupante ao longo do século.
O alerta está a ser veiculado através de um estudo realizado pela Universidade de Aveiro (UA) que prevê que, até ao ano 2100, haverá aumentos da temperatura média de 2 a 3 graus centígrados (°C) por ano, o suficiente para causar graves impactos no meio ambiente e, consequentemente, na saúde pública. Em Portugal, haverá regiões que poderão registar aumentos de 4 a 5°C nas máximas diárias ano após ano.
O investigador e cientista David Carvalho, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da UA, alerta para enormes implicações, já que o estudo revela que, no final deste século, poderemos vir a ser sujeitos a mais de 50 dias por ano com temperaturas máximas acima dos 40°C.
Aponta ainda para que, daqui a algumas décadas, durante um ano, viveremos durante 3 meses com temperaturas máximas diárias acima dos 40°C.
“consequências significativas para a saúde humana, mas principalmente para o meio ambiente e em áreas como a agricultura, os fogos florestais, a desertificação ou a seca”
revela David Carvalho
Subida dos termómetros em todas as linhas
O estudo foi concretizado pelos investigadores David Carvalho, Susana Cardoso Pereira e Alfredo Rocha, projetando a variação das temperaturas da Península Ibérica para dois períodos futuros, o primeiro de 2046 a 2065 e o outro de 2081 a 2100.
Os resultados apontam para aumentos da temperatura diária (nos três registos, mínima, média e máxima), em quase todo o território da Península Ibérica. As temperaturas máximas diárias subirão mais do que as médias e, por sua vez, estas mais do que as mínimas.
Entre 2046 a 2065, em Portugal, os aumentos da temperatura média diária rondarão 1,5 a 2 °C. Já no período de 2081 a 2100, as subidas situar-se-ão entre os 2 e os 3 °C. No que respeita às temperaturas máximas, a diferença a cada ano, para mais, poderá chegar aos 4 ou 5 °C no final do século.
Em toda a Península Ibérica, as regiões com maior previsão de aumento das temperaturas são o centro e o sul de Espanha, onde poderão vir a ser sentidas subidas de 5 °C nas temperaturas médias diárias.
“Quando os dados mostram aumentos de 5 a 6 °C em algumas zonas de Espanha e entre 1,5 a 3 °C para a maioria das zonas da Península Ibérica, isso é sem dúvida motivo de preocupação”
afirma David Carvalho
É urgente reduzir a emissão de gases
A emissão para a atmosfera de grandes quantidades de gases com efeito de estufa, como são os casos do dióxido de carbono e do metano, são as principais causas para o aumento das temperaturas que já se verificam, e que terão maior amplitude nos próximos tempos.
As soluções para contrariar as subidas do termómetro são conhecidas:
- apostar fortemente na descarbonização do modelo socioeconómico em que vivemos, usando meios de produção de energia que não impliquem a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera,
- apostar no uso de forma cada vez mais eficiente dos nossos recursos energéticos,
- alterar os hábitos de consumo, reduzindo a necessidade de produção de tantos bens.
“O único caminho a seguir será gastar menos energia e recursos e ao mesmo tempo gerar a energia de que necessitámos sem emissão de gases com efeito de estufa”
conclui o estudo