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«Treinar a Ovarense durante a semana não é fácil, treinar a Ovarense ao domingo é fantástico» – Bock

Escrito por em 02/07/2022

Entrevistado no “Passe de Letra” da Rádio AVfm, Bock passou em revista os momentos bons e menos bons da passagem por Ovar e ainda abordou o seu futuro enquanto treinador. O antigo técnico alvinegro deixa a certeza de que «foi um orgulho tremendo treinar a Ovarense» mas salienta algumas mágoas que permanecem, mesmo após o fechar de ciclo.

Ainda que, na questão desportiva, o técnico se sinta totalmente realizado, o facto de ter perdido o acesso ao Apuramento de Campeão do Campeonato SABSEG na secretaria continua a ser um dos pontos mais baixos da temporada.

«Não podia pedir mais nada em relação a resultados: em termos desportivos, a performance não podia ter sido melhor», começa por afirmar, sublinhando ainda que «tudo o que estava proposto para a época da Ovarense foi concretizado.»

Bock relembra as jornadas finais da primeira fase do Campeonato – onde a Ovarense perdeu 6 pontos na secretaria – como autênticos “murros no estómago”, relembrando que a transição para a fase de manutenção foi difícil de encarar no seio do plantel. «Além de não termos ido ao Apuramento de Campeão, a transição para a segunda fase ainda fez com que perdêssemos jogadores. Saiu o Luccas, saiu o Vareiro e ainda havia mais 4 ou 5 atletas que queriam sair. Vivemos duas semanas em que tive de preparar a equipa mentalmente para a segunda fase.»

Ainda assim, e apesar das contrariedades, a Ovarense alcançou o sucesso, garantindo uma manutenção com o 1º lugar da Zona Norte do SABSEG. A chave esteve, na opinião do treinador, na «empatia muito grande com o grupo de trabalho.»

«A minha maior vitória foi criar química com o grupo. Juntamos essa cumplicidade à maneira como eles trabalhavam e isso foi o que nos levou ao sucesso. […] Foi a relação que construí com os jogadores que fez com que o barco nunca afundasse.»

A formação alvinegra acabou por superar-se e, contra muitas expetativas, terminou a época com grande tranquilidade. Bock não deixa de confessar, porém, que «o desafio da Ovarense foi o mais complicado que encontrou em toda a carreira» e que há muito a mudar no foro interno do clube.

«Eu sei que a Ovarense tem muito problemas extra-futebol para resolver, mas os ordenados em atraso prejudicaram-nos bastante. Íamos todos os dias para Ovar com o sentimento de quem não sabia o que ia acontecer.»

«Falta profissionalismo na Ovarense e há poucas condições para trabalhar. O clube tem de estar rodeado de mais pessoas para crescer e tenho a certeza que o novo treinador da Ovarense vai sentir isso, pois estava num clube com condições tremendas – mas se calhar agora vai ter iluminação para treinar e os ordenados vão estar em dia.»

Inquestionável para Bock é, acima de tudo, a massa associativa do clube. Os adeptos, que na opinião do técnico são «a bandeira da Ovarense», foram mais uma vez alvo de muitos elogios e agradecimentos.

«Treinar a Ovarense durante a semana não é fácil devido às condições atuais do clube. Treinar a Ovarense ao domingo é fantástico devido aos adeptos que tem. Trataram-me como se eu fosse um deles.»

Quem também merece elogios por parte de Bock é o presidente da Ovarense, António Godinho. «Se a Ovarense me convidasse outra vez como convidou, eu voltaria a aceitar. O que está mal na Ovarense, no meu ponto de vista, não tem nada a ver com o presidente.»

«Vou estar eternamente grato ao presidente Tommy pela proposta que me fez: foi ele que me contratou e foi ele que mostrou vontade e esforço para me ter na Ovarense.» Bock revelou ainda que «o presidente pagou meses de ordenados do bolso dele, demonstrando uma enorme vontade em resolver as questões financeiras do clube» e que, no fecho de relações, as duas partes se entenderam numa resolução pacífica das dívidas em causa.

«Fiz um acordo com o presidente da Ovarense e, sinceramente, acho que ele vai cumpriu comigo. Eu tive e tenho ordenados em atraso, mas o acordo que fizemos faz-me acreditar que ele vai saldar as contas

Sobre a possibilidade de ter continuado como treinador da Ovarense, Bock revela que, até há poucas semanas, tudo estava encaminhado para uma renovação de contrato. Contudo, uma mudança abrupta por parte da estrutura da Ovarense fez com que o técnico deixasse de ser opção.

«Tudo indicava que não iria ser complicado chegar a acordo com a Ovarense e, na minha cabeça, eu já estava a preparar a próxima época. No entanto, acabei por sentir que não era opção e que o clube não fez tudo para que eu continuasse no projeto.»

«Três semanas antes da minha saída, eu já sabia que havia interesse da Ovarense no Cajó e também da vontade dele em vir para Ovar – mas não quis ver fantasmas no assunto. Contudo, eu sabia que havia ali qualquer coisa estranha. […] Certo é que li depois, nas redes sociais, que a Ovarense tem um projeto para três anos com o Sr. Cajó. A mim nunca me falaram desse projeto e não foi de um dia para o outro que ele surgiu.»

Em quase uma hora de emissão, Bock falou destes e doutros temas. Recorde toda a entrevista conduzida por Pedro Silva, no programa “Passe de Letra”.

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Imagem: Direitos Reservados
Texto: Pedro Silva


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