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Esmoriz GC vai de «super» a superado em derrota contra a Fonte do Bastardo

Escrito por em 26/10/2017

Se, na sexta-feira passada, confrontassem qualquer adepto do voleibol do Esmoriz GC com um hipotético ponto somado no desafio perante a AJ Fonte do Bastardo que se realizaria no dia seguinte, esse adepto provavelmente assinaria por baixo desse cenário. Atitude inteligente visto que, à entrada para a 3ª jornada da I Divisão Nacional, a equipa açoriana somava apenas vitórias na competição e confirmava, como esperado, ser um dos candidatos ao título.

No entanto, confrontando o mesmo adepto no dia seguinte ao jogo, tendo este visto o 2-3 (27-29; 25-17; 25-18; 17-25; 7-15) registado no Pavilhão do Esmoriz GC a favor dos homens de João José, provavelmente a história seria outra.

De facto, no final de uma partida extremamente disputada, o sentimento nas bancadas esmorizenses era agridoce. Por um lado, o EGC ganhou um ponto ao triunfar em dois parciais contra o campeão de 2016. Por outro, perdeu a enorme chance de bater o pé à Fonte do Bastardo e lançar um aviso de qualidade a todos os seus adversários. Em suma, um jogo de duas histórias e com um Esmoriz que foi de «super» a «superado».

Privado de David Marques, um dos dois distribuidores do plantel, Bruno Lima via-se sem a possibilidade de protagonizar a habitual dupla substituição a partir do banco. Assim, nesse leque de suplentes, as opções nunca pareceram ser válidas para o técnico da casa que só na «negra» chamou à ação Óscar Barbosa, atleta que disputou apenas um ponto dentro de campo.

Por isso, ao longo de cinco extenuantes sets, o Esmoriz GC apresentou-se única e exclusivamente com Bruno Gonçalves, Ricardo Alvar, Mário Fortes, José Pedro, André Rosa, Paulo Gomes e Pedro Ribeiro (líbero). Por sua vez, os insulares deram minutos a todos os disponíveis e mudavam radicalmente as peças do jogo quando a situação apertava para o seu lado. Sinal da qualidade de uma convocatória cheia de estrelas e, ao mesmo tempo, consequência dos impressionantes três primeiros parciais realizados pelos titulares da Barrinha.

Arrancando com as rotações em alta, o Esmoriz GC liderou durante quase todo o primeiro set. Ricardo Alvar era um zona 4 em estado de graça e foi o autor de muitos pontos que encaminharam a equipa para uma boa exibição. Os visitantes tinham dificuldade em acompanhar, mas nunca permitiram que o Esmoriz fugisse. Assim, acabaram recompensados na contenda, revelando maior frieza para passar para o comando na reta final e fechar as contas nas vantagens.

Poderia ter sido o fim do agigantamento do EGC. Porém, perder o primeiro set no «photo finish» só deu maior força ao conjunto. Juntando-se a Alvar, o central Mário Fortes começou também a abrir o livro e, coordenado com Bruno Gonçalves, disparava de todo o lado. O Bastardo ficou atordoado e nem a estratégia inicial de explorar a receção de André Rosa e confiar na potência de Caíque Silva eram remédio para a lição de voleibol que estava a levar. O desequilíbrio levaria o resultado a um contundente 25-17… apenas o primeiro capítulo do melhor momento do Esmoriz GC no desafio.

O recital da Barrinha continuaria logo de seguida. Paulo Gomes fez por se juntar ao «coro» e tornou a dupla de centrais do Esmoriz GC imbatível nas suas abordagens. As bancadas rejubilavam, João José não tinha mãos a medir nas substituições e o marcador não parava de crescer abruptamente para o lado dos da casa. O 25-18 era praticamente um déjà vu do parcial anterior, só faltava fechar com chave de ouro.

Já poucos pensavam que, com o pássaro na mão, o Esmoriz não ia ter uma tarde de altos voos. Mas a Fonte do Bastardo voltaria para a luta com asas para abanar a ambição esmorizense. Robert Viiber veio dar um novo ânimo à distribuição e, depois de resfriar as ideias no banco, o ex-Esmoriz, Gerson Pereira, controlou a rede a seu bel-prazer. Foram estes os focos da reação açoriana que, aliados ao menor fulgor físico do Esmoriz GC, permitiram à Fonte do Bastardo atropelar um, até aí, irrepreensível oponente.

O quarto set fecharia com um 17-25 e o quinto e decisivo foi, naturalmente, pelo mesmo caminho. Em modo «rolo compressor», o Bastardo entrou com um 7-0 a seu favor e eliminou, à partida, qualquer esperança do EGC. Bruno Lima ainda apelou à honra mas as ideias dos da casa já se tinham esfumado. Rebateram até um 7-15 final, insuficiente para chegar à tão desejada vitória.

Pedro SilvaHelder Ferreira foram os repórteres da AVfm no local. Ouça as entrevistas aos técnicos:

Bruno Lima – Treinador do Esmoriz GC

 

João José – Treinador do AJ Fonte Bastardo

 

Para o Esmoriz GC, salvou-se o ponto e a exibição. No entanto, todas as boas indicações deixadas contra a Fonte do Bastardo perderam alguma da sua força rapidamente: este foi um fim-de-semana de jornada dupla e, já no domingo, a equipa deslocou-se às Caldas da Rainha para encaixar um derrota de 3-1 contra o Sporting local.

Em conclusão, pode falar-se de uma temporada com um começo complicado para as cores da Universidade do Voleibol. Ao cabo de quatro jogos, os 4 pontos alcançados deixam o Esmoriz GC dentro da luta, ainda que com algum alarme.

Este será um ano duro, com jogos bem rasgados, onde a linha que separa a vitória da derrota será muito ténue. A julgar pelo discurso de Bruno Lima, a sua equipa está mais do que avisada para esse fator. Assim, já só falta crescer para uma maior consistência exibicional para que o voleibol do Esmoriz GC se mantenha ao longo de todo o encontro e a equipa possa, finalmente, encarrilhar na senda dos triunfos.

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Foto: António Silva
Texto: Pedro Silva

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