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Ovar em Jazz ’23 – Uma Retrospetiva

Escrito por em 28/04/2023

Não será fácil descrever tudo o que aprendi e pude apreciar com o festival Ovar em Jazz deste ano – com títulos tão diversificados e relevantes, muito tive a aprender com estes 6 concertos e 1 workshop, que tiveram uma curadoria com muito boa pontaria para artistas muito diversificados e cheios de talento.

Note-se, isto não era nada do que estava à espera – como aficionada pela Música em geral (ou pronto… quase em geral), mas pela música clássica em particular, o que eu esperava era algo que tivesse praticamente um sinal estampado na testa a dizer jazz, ou seja, que correspondesse à ideia que eu tinha do estilo e daquilo por que ele se caracterizava.

Mas, o que eu tive foi algo muito mais especial e refrescante – a verdade é que de todos os artistas que tive a magnífica oportunidade de ouvir, não houve nenhum em que eu dissesse: “bem, isto soa exatamente a jazz.”

Mas isto tudo no bom sentido – foi uma fantástica surpresa ouvir tanta variedade e cada singularidade em todos e cada um dos concertos, e se há coisa que acho que todos os espetadores do Ovar em Jazz podem concordar é que o festival ofereceu-nos uma programação muito genuína e ímpar com cada um dos artistas.

E, tendo em conta o tema do festival deste ano, em que se pretendia destacar as vozes femininas do Jazz, Carmen Souza, Maria João e Maria Mendes foram, na minha opinião, três artistas muito bem escolhidas – enquanto Carmen Souza nos trouxe a sua alegria efervescente e magnetizante, Maria Mendes trouxe-nos uma assombrosamente bela reinvenção de um dos nossos maiores legados musicais, o fado, e, claro, Maria João concedeu-nos uma experiência sem igual, ensinando-nos alguns dos truques por detrás da improvisação, técnica tão comum no jazz.

Já disse isto antes, mas volto a dizer: achei mesmo incrível o facto de terem incluído, para além dos 6 concertos, um evento que se focasse, também, na formação, e que nos permitisse não só aprender com a música que ouvíamos, mas também aprender o que estava por detrás da música que ouvíamos. Para mim, foi mesmo uma ideia genial, e definitivamente a repetir.

Também foi muito bem pensada a maneira como os artistas tinham todos influências diferentes na música que interpretaram – quero eu dizer, começámos com a música de Carmen Souza, que faz imenso uso da sua herança cabo-verdiana (e que, sinceramente, ainda me deu mais vontade de conhecer Cabo Verde), depois com o trio americano Marc Ribot & The Jazz Bins, influenciado pelos mais variados estilos como o punk, o funk ou o soul, e depois terminámos com a nossa própria etnomusicologia, explorada e renovada por Maria Mendes.

Sem esquecer tanto Nuno Trocado como João Mortágua, que também se destacaram pela sua linguagem musical riquíssima, e os Fuzzo, que tinham um leque variadíssimo de influências, desde o krautrock ao afrobeat, e um caráter muito experimentalista que veio diversificar o programa.

Em conclusão, foram quatro dias de festival muito bem passados, até para mais porque tive a maravilhosa oportunidade de entrevistar todos os artistas dos dias 20, 21 e 22, o que foi uma experiência inesquecível e muito enriquecedora – e uma de que me vou sempre orgulhar, e pela qual vou estar sempre grata!


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Então, mal posso esperar para ver o que nos reservam as próximas edições deste festival, pois foi um evento certamente a repetir.

Então, não digo adeus, mas sim… até jazz 🙂

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Fotos: Direitos Reservados
Texto: Mariana Rosas

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