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Mi-Fá-Dó-Sol | 09 Nov 2023

Carlos Reis e Dino Marques 09/11/2023

 

 

 

Emissão: 09 de Novembro 2023

Descrição: Programa inteiramente dedicado ao Fado. Realizado por intérpretes do género musical, Mi-Fá-Dó-Sol foca-se na divulgação de artistas e eventos, sem deixar de lado a história e as curiosidades de tão importante património português!

 

 

Destaque: Fado – Património Cultural e Imaterial da Humanidade

Dos elementos mais caraterísticos da produção cultural, artística e musical portuguesa é o Fado. Mais do que um género musical, é um estandarte da cultura e da arte nacional, elevado ao estatuto de Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO no ano de 2011. De modos simples – com uma voz, uma guitarra tradicional e uma outra, a portuguesa (herança da cítara e do cistre medieval inglês, transformou-se num instrumento fundamental pela sua afinação aguda em Ré por Lisboa, e em Dó por Coimbra) -, o fado é uma mescla dos perfumes do continente europeu e das influências mouriscas e árabes com o mais puro e íntegro da música popular portuguesa. O fado de Portugal foi, também ele, desvendar-se pela música e tornar-se eterno, entre outros, pela voz de Amália Rodrigues e pela guitarra portuguesa de Carlos Paredes.
No latim, fado é “fatum”, ou seja, destino. Pode dizer-se, talvez, que, no fado, se canta o destino. Por outro lado, das influências mouriscas, fica o apontamento compilado por Adalberto Alves, especialista no entendimento da cultura árabe, em que fado advém do arabesco “hadû”, que significa cantilena.
Pois bem, tudo começou bem no coração da capital, Lisboa, no século XVIII, numa fase em que a própria guitarra inglesa chegou a Lisboa e ao Porto e se transformou em seis pares de cordas, na forma de uma guitarra portuguesa. No seu estado consumado, tornou-se presença assídua nos seus bairros, seja nos cafés, seja nos próprios recintos públicos. O dia-a-dia era assim cantado com ardor e emoção, dando voz aos marginalizados da sociedade.
Ventos que traziam a herança árabe, mourisca, e até as expressões musicais das colónias portuguesas ajudaram a que se desenhassem os ritmos, as melodias e os temas, similares às da modinha brasileira. Havia, assim, o fado dos marujos, o fado do marinheiro, que cantavam sobre as fainas ou o degredo, ou até sobre o levantar do ferro em cada viagem. Bailava-se o fado cantado, corrido, bem mais leve e rítmico, com roupas muito caraterísticas, embora denotando o seu baixo estrato social.
Por serem mesmo esses que cantavam o fado, empunhando uma voz rouca e sem hesitar no uso do calão e da gíria, a própria ala intelectual, de finos costumes e de polida educação, via o fado como um registo boémio sem cuidado ou decoro. No entanto, não foi isso que impediu que o fado ganhasse asas, em especial nessas comunidades mais pobres dos bairros lisboetas. Alfama, Bairro Alto, Castelo, Mouraria ou Madragoa foram alguns deles, que, nos seus espaços mais lascivos e degradantes, ouviam os seus a cantar e a causar choque na Igreja, num autêntico fado vadio.

 

Playlist:
Jorge César – Foi por vontade de Deus
Maria do Céu Rilho – Nem ás Paredes Confesso
Filomeno Silva – O Senhor Fado
Manuel De Almeida – Amei com desespero
Fernando Farinha – Lamentos
Manuel Granja – Estranho Fulgor
Isabel Maria – Meu amor é marinheiro
Tristão Da Silva – O Pregão da Rosalina
Filomena – Fadista Louco
Carlos Ramos – Vielas de Alfama
Alcindo De Carvalho – Minha Alma de Amor Sedenta
António Mourão – Voltei a teu lado
Fernando Maurício – Testamento Fadista
Joaquim Silveirinha – Cinzas do Passado
Maria do Céu Correia – O Fado de Cada Um
António Campos – Quem sou

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Publicação: Irina Silva
Foto(s): Direitos reservados

Mi-Fá-Dó-Sol

Vibram as cordas... Bem Vindos ao Fado!

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