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Mi-Fá-Dó-Sol | 21 Set 2023

Carlos Reis e Dino Marques 21/09/2023

 

 

 

Emissão: 21 de Setembro 2023

Descrição: Programa inteiramente dedicado ao Fado. Realizado por intérpretes do género musical, Mi-Fá-Dó-Sol foca-se na divulgação de artistas e eventos, sem deixar de lado a história e as curiosidades de tão importante património português!

 

 

Destaque: História do Fado

 

Amália, com a sua nova forma de cantar, fez um sucesso imenso e a ditadura faz do fado – e sobretudo de Amália Rodrigues – um cartão de visita do país no exterior. Razão pela qual após a queda da ditadura, em 25 de Abril de 1974, o fado e Amália Rodrigues foram tão criticados, já que para muitos portugueses eram a imagem do regime. Hoje essa questão circunstancial está completamente afastada: a imagem do fado foi recuperada, assim como a de Amália Rodrigues.
A partir da década de 1990, surge uma geração de fadistas com significativa projeção nacional e internacional. Porque a força do mercado é omnipresente e tudo precisa ser catalogado para ser vendido, essa geração passou a pertencer à categoria da World Music, sendo o fado uma presença quase obrigatória em eventos assim classificados.
Em 2011, o Fado foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
O fado que escutamos hoje em dia perdeu bastante o seu carácter narrativo, de descrição dos aspetos do quotidiano ou contraditórios da sociedade.
Constatamos que a intenção de uma conclusão moral “final” também desapareceu. O que resta é um lamento, um murmúrio, a iminência de uma lágrima, uma dor representada, uma alegria, uma exultação, uma forma de sentir partilhada por quem interpreta, acompanha ou assiste.
O fado, quando cantado, espera o silêncio e a cumplicidade de quem escuta. Quando há ruído na sala, ouve-se com frequência a chamada de atenção: “é tão fadista quem canta como quem ouve!”; ou “silêncio que se vai cantar o fado!”. Para quem o canta, é mais importante o silêncio conseguido na sala do que os aplausos após a prestação.
Essa característica ritual faz da performance do fado um ato coletivo de tipo celebratório.
É nesse sentido que podemos também falar de partilha emocional, mais que de arte espetacular.
Nas casas de fado não há amplificação de som. Canta-se “a seco”. O silêncio é fundamental para a emoção que o fadista exprime no momento, mas também para que seja possível escutar os instrumentos que acompanham a voz e possibilitar este diálogo entre a voz e as guitarras.
O Fado é tradicionalmente acompanhado por dois instrumentos, a viola e a guitarra portuguesa, assumindo esta um papel fundamental.
A guitarra portuguesa, para quem não conhece, é uma muito provável evolução da guitarra inglesa, entretanto desaparecida. Introduzida em Portugal a partir das colónias de ingleses de Lisboa e do Porto, a guitarra inglesa conheceu uma grande divulgação nos salões europeus de meados do século XVIII.
Em forma de pera, derivada da cítara, essa guitarra compunha-se de dez cordas, agrupadas em quatro pares, mais duas cordas soltas. De utilização exclusiva nos círculos da burguesia e da nobreza dos salões urbanos, é associada ao acompanhamento de cançonetas italianas de carácter mais erudito.
A partir do início do século XIX surge nas fontes históricas a designação de “guitarra portuguesa”, que se refere ao modelo de seis pares de cordas, uma alteração provavelmente introduzida em Portugal.
Sobretudo a partir de 1840 há notícias da sua associação ao contexto performativo fadista, em que assumirá um papel de absoluta centralidade.
Por vezes, o baixo acústico e, mais recentemente, o contrabaixo pode estar presente numa sessão de fados.
A viola dá a base rítmica e harmónica, e a guitarra portuguesa improvisa frases sustentadas por ricas harmonias, dialogando assim com a voz. Raramente a guitarra portuguesa toca do mesmo modo o mesmo fado. É necessário não esquecer que só muito recentemente surgiram algumas partituras escritas e, mais importante, apenas na viragem do milénio a guitarra portuguesa teve o direito de entrar no Conservatório Nacional, em Lisboa, com o mesmo estatuto que os restantes instrumentos musicais aí ensinados. Até então, era um instrumento popular desvalorizado e associado apenas ao fado.

 

 

Playlist:
Júlia Silva – Noite
Mário Costa – Uma Loção Para o Cabelo
Cidália Moreira – Neste Recanto Fadista
Mónica de Jesus – Sinto vontade
Rodrigo – Ardinita
António Mourão – Rosa madrugada
Fernando Farinha – Na Praia de Carcavelos
Lucília Do Carmo – Lisboa Casta Princesa
Teresa Siqueira – Contradição
Frutuoso Franca – Contraste – Estela
Argentina Santos – Conde Afadistado
Júlio Peres – O meu bairro
Alfredo Marceneiro – Rainha Santa (Fm)
Carlos Do Carmo – Aquela praia ignorada
Manuel De Almeida – O amor

 

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Publicação: Irina Silva
Foto(s): Direitos reservados

Mi-Fá-Dó-Sol

Vibram as cordas... Bem Vindos ao Fado!

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