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Mi-Fá-Dó-Sol | 31 Ago 2023

Carlos Reis e Dino Marques 31/08/2023

 

 

 

Emissão: 31 de Agosto 2023

Descrição: Programa inteiramente dedicado ao Fado. Realizado por intérpretes do género musical, Mi-Fá-Dó-Sol foca-se na divulgação de artistas e eventos, sem deixar de lado a história e as curiosidades de tão importante património português!

 

 

Destaque: História do Fado

 

Antes do início do século XIX a palavra Fado era unicamente utilizada com o significado da sua raiz latina fatum – o destino, a sina.
Com esse significado, aparece em textos de poetas e escritores,  como exemplo, o belíssimo poema de Luís de Camões (1524-1580)

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor
que me deixou o tempo,
de meu bem desenganado

Ou como este outro de Bocage (1765-1805)

Mas no bojo voraz da desventura,
Monstro por cujas fauces fui tragado
Em parte, um pensamento a dor me cura
O infeliz (não por culpa, só por fado)
Naqueles corações em que há ternura
É mais interessante, é mais amado

O Fado emergiu em Lisboa como forma musical reconhecível. Os portos de mar sempre foram lugares de partida e de chegada de pessoas e mercadorias. Nos mesmos barcos vinham também outras culturas, outras sonoridades, outras músicas. Em Lisboa, o som do lundum e das modinhas pairava. Era a fusão musical do chegar e do partir
A história do Fado português é um longo processo de trocas interculturais. No contexto multicultural do Brasil colonial, os ritmos e os padrões de dança africanos combinam-se com as harmonias e as formas europeias para gerar uma dança cantada de forte sensualidade que atravessa o Atlântico para se implantar nos bairros populares do porto de Lisboa.
A interação entre o modelo brasileiro e as tradições locais da canção portuguesa leva gradualmente a um desaparecimento do elemento de dança e à atenuação do ritmo sincopado original, que dão agora lugar a uma atmosfera nostálgica e lamentatória, com um forte rubato na declamação do poema.
As primeiras referências ao fado de Lisboa remontam às décadas de 1820 e 1830.
Em 26 de julho de 1820 nasce Maria Severa Onofriana (1820-1846) –o fado ganha, então, a sua emblemática “figura fundacional”: a Severa.
Severa, prostituta de profissão, e consagrada pelos seus dotes de cantadeira, transformou-se numa das personagens míticas da história do fado.
Foi uma representante significativa do ambiente a que o fado estava associado numa primeira fase: à prostituição, com todo o ambiente social e espacial, às tavernas, às casas de passe, ao marujo, ao vagabundo, ao proxeneta e ao fadista, que se integrava perfeitamente neste contexto. Este estava associado à imoralidade, à marginalidade – um canalha.
O fado aparece no grupo mais pobre da população, sem trabalho regular nos bairros mais antigos e degradados, quase labirínticos, onde a falta de luz permitia esconder a marginalidade.
As letras dos fados eram transmitidas oralmente e tinham como objeto os episódios da vida quotidiana marginal: os crimes, as mortes anunciadas, as catástrofes naturais, assim como a vida do bairro ou os males de amor.
Com uma estrutura melódica muito simples, o fado valorizava a interpretação de quem cantava/contava, apelando à comunhão entre o intérprete, músicos e ouvintes. Daí a frase que ainda hoje ouvimos: “É tão fadista quem canta como quem ouve!”

 

Playlist:
António Rocha – Tinhas razão minha mãe
Jorge César – Sou ave que já não canta
Tony de Matos – Recusa
Fernanda Moreira – Esta Fome De Viver
Andreia Ribeiro – Lavava no Rio Lavava
Manuel Fernandes – Rpaz da Golegã
Berta Cardoso – Canção das Descobertas
Maria Do Rosário Bettencourt – Contemplo o que não vejo
António Severino – Coração rasgado
Aldina Duarte – A Voz e o Silêncio
Fernando Maurício – Meu coração Parou
António Pelarigo – Fado São Nicolau
Beatriz da Conceição – Lisboa cidade garrida
Carlos Ramos – Tempos antigos
Cidália Moreira – O meu primeiro amor

 

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Publicação: Irina Silva
Foto(s): Direitos reservados

Mi-Fá-Dó-Sol

Vibram as cordas... Bem Vindos ao Fado!

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