AD Ovarense: a defesa não perde, mas o ataque não ganha
Escrito por AVfm em 07/10/2020
A AD Ovarense continua uma difícil caminhada na Zona Sul do Campeonato SABSEG. Contra outra das grandes equipas da distrital de Aveiro, o FC Pampilhosa, a formação orientada por Tiago Leite voltou a sentir dificuldades e, no Marques da Silva, não foi além de um empate sem golos.
A exibição dos alvinegros foi pouco inspirada em termos ofensivos, mesmo após os Ferroviários terem ficado a jogar com 10 elementos após a expulsão de Joel Figueiredo. No entanto, no reverso da medalha, a segurança defensiva voltou a ser apanágio e, embora o Pampilhosa tenha conseguido algumas ocasiões de perigo, não fez o suficiente para justificar uma vitória nos 90 minutos de jogo.
Em suma, este foi um jogo entre dois bons conjuntos, numa série recheada de qualidade. O empate ajusta-se mas, na perspetiva alvinegra, há algumas arestas a limar para desafios futuros. Nomeadamente no caudal ofensivo, a Ovarense precisa de maior volume e capacidade criativa.
Desde logo no meio-campo onde, apesar de estar condicionada pelas escolhas (JP regressou de lesão, Marmelo ainda sem poder competir), a equipa apresentou-se com o trio Joãozinho, Bruno e Diogo Farias. Três excelentes jogadores, mas sem as capacidades ideais para um apoio mais constante ao ataque.
Ataque esse que, muitas vezes, esteve desapoiado: veja-se o artilheiro Lima, por exemplo. O ponta-de-lança da Ovarense somou os 90 minutos, fez uma partida extremamente abnegada mas, apesar de até ter ganho muitas faltas e cartões ao adversário, não conseguiu fazer um único remate à baliza do Pampilhosa – algo que já tinha acontecido na jornada anterior, perante o Oliveira do Bairro.
Por seu turno, tanto Fábio Novo como Tigas (os extremos lançados a jogo), não viam os laterais do seu flanco apoiar com a profundidade desejada. Márcio Reis e Roger dão muitas garantias defensivas mas, numa Ovarense que ataca com poucos, é crucial oferecerem mais apoio ofensivo pela linha lateral. A Ovarense versão 20/21 ainda só fez 3 jogos, mas ainda ninguém se esqueceu das grandes cavalgadas protagonizadas por Vareiro, na época passada, pela lateral direita.
À AVfm, Tiago Leite abordou as qualidades e defeitos atuais da Ovarense. O técnico fala de uma prova extremamente competitiva e de equipas adversárias que respeitam a formação alvinegra, raramente se desguarnecendo atrás, algo que a Ovarense terá de aprender a contrariar.
Ouça as palavras de ambos os treinadores intervenientes na partida:
OVARENSE À LUPA
Renato Lopes (16/20)
Mais uma clean sheet e, acima de tudo, outra exibição seguríssima para Renato Lopes. Fez uma defesa vistosa no começo da segunda parte (a remate de Gil Eanes) e, embora não tenha tido mais nenhuma parada de grande registo, voltou a mostrar uma segurança incrível entre os postes e no comando da sua área. Certamente um dos guardiões em melhor forma no Campeonato SABSEG.
Márcio Reis (12/20)
Trabalhador nato e um esteio em termos defensivos. O flanco direito está bem seguro com Márcio naquelas paragens e, inclusivamente, foram muitas as situações em que dobrou no miolo e apoiou a zona central do setor recuado. No ataque, pouco se envolveu, algo que terá de rever para ajudar ainda mais a equipa.
Fábio Pereira (13/20)
Fustigado por problemas físicos, esteve apenas 45 minutos em campo mas mostrou a fibra de um capitão. Gil Eanes foi sempre um jogador muito difícil de marcar, mas Pereira soube adaptar-se ao facto de ter pela frente um oponente muito mais rápido e esguio e compensou com posicionamento e concentração. A conexão com Gustavo continua muito afinada.
Nuno Damas (8/20)
Entrou ao intervalo para o lugar de Fábio Pereira e mostrou muito nervosismo nas suas primeiras intervenções. Após alguns erros, quase dava mesmo o golo de mão beijada ao Pampilhosa com um passe transviado – a oferta foi a Gil Eanes e o avançado aproveitou para rematar com estrondo à barra. Estabilizou a sua exibição após o Pampilhosa ter ficado reduzido a 10 elementos, altura em que a Ovarense esteve mais ativa no ataque.
Gustavo Magalhães (15/20)
Tal como Fábio Pereira, Gustavo teve algumas dificuldades em adaptar-se ao ataque rápido do Pampilhosa, principalmente a Gil Eanes, atleta que atuou no limite do fora-de-jogo e tentou ganhar as costas dos centrais por diversas vezes. No entanto, soube também adaptar-se e, após a saída de Pereira, teve de comandar a defesa com ainda mais afinco, compensando a instabilidade da sua nova dupla, Damas.
Roger (10/20)
Ainda não mostrou todas as qualidades que levaram a Ovarense a ir resgatá-lo ao São João de Ver. Embora não tenha comprometido, não foi um destaque em nenhum aspeto do jogo e, tal como Márcio, ainda precisa de se envolver mais em situações ofensivas da partida.
Bruninho (10/20)
Entrou para o lugar de Roger para os últimos 20 minutos, mas não teve uma influência muito maior que o seu colega de posição. Tentou, por algumas vezes, fazer uso do seu bom cruzamento para colocar a bola na área na fase de maior assalto da Ovarense à baliza do Pampilhosa, mas nunca ofereceu o esférico para uma finalização propriamente dita.
Joãozinho (16/20)
Mais uma exibição que prova que Joãozinho é, provavelmente, o reforço em maior destaque nesta fase inicial de temporada. Tendo sido o elemento mais ativo do meio-campo, é notória a capacidade de trabalho do jogador, a sua muita qualidade técnica e forma como compensou, muitas vezes, a falta de criatividade dos seus colegas do miolo, mesmo partindo de trás em várias dessas ocasiões. Foi eleito MVP Rádio AVfm.
Bruno Costa (11/20)
Um jogo sem brilho, mas com um Bruno Costa a cumprir a sua função no meio-campo. A conetividade com Farias e Joãozinho, porém, não pareceu alinhada, muito pelo facto de serem jogadores que pisam os mesmos terrenos em várias fases do jogo.
Tiago Barroqueiro (11/20)
Entrou para os últimos minutos da partida e, numa fase onde a Ovarense procurava carregar junto da área de Mauro, deu algo mais do que aquilo que Bruno Costa estava a oferecer. Teve um par de intervenções interessantes na direita e mostrou que pode ser uma opção merecedora de mais minutos na Ovarense, tanto no 11 como a sair do banco de suplentes.
Diogo Farias (9/20)
Nota-se que está mais evolvido com o jogo do que aquilo que estava, por exemplo, quando entrava na Ovarense da época passada. No entanto, terá ainda de melhorar a segurança das suas intervenções na partida, principalmente nos passes curtos e em zonas mais rodeadas de adversários. Foi substituido por JP bem cedo na segunda parte.
JP (11/20)
Entrou para o lugar de Diogo Farias e mostrou ser o JP que todos conhecemos. Vai certamente voltar a ser um jogador muito importante para a manobra de equilíbrio do jogo da Ovarense nas próximas semanas.
Fábio Novo (11/20)
Embora não tenha conseguido chegar ao golo como nas jornadas anteriores, até esteve mais envolvido no jogo da equipa do que nesses jogos. Quase fazia o gosto ao pé no último remate da primeira parte, quando aproveitou uma segunda bola para atirar de fora da área e ver o esférico passar ligeiramente por cima da baliza de Mauro.
Tigas (12/20)
Ativo no regresso à titularidade, foi perdendo o gás no decorrer da partida. Foi, ainda assim, o maior criativo da Ovarense até ser substituído por Ricardo Ferreira aos 70 minutos. Saiu de campo com visível desagrado.
Ricardo Ferreira (11/20)
Entrou na partida com muita vontade de mostrar serviço e conseguiu mesmo fazer um remate de pé esquerdo e de bela execução que passou perto do poste direito de Mauro. Ainda terá de se entrosar mais com a equipa para merecer a confiança dos adeptos da Ovarense, mas deixou sinais mais positivos do que aqueles que evidenciou na sua titularidade contra o Bustelo.
Luís Lima (15/20)
Não conseguiu rematar com perigo para a baliza do Pampilhosa, mas também não foi bem servido. Naquilo que pôde fazer, Lima fez um bom jogo, sempre móvel no ataque e a apoiar os seus colegas com linhas de passe. No controlo de bola, mostrou mais uma vez ser um atleta exímio e, por isso mesmo, ganhou muitas faltas, alguns cartões e ainda foi o “responsável” pelo cartão vermelho a Joel, atleta do Pampilhosa.
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